MERCADO VELHO DE TERESINA...
Eu ia pela rua João Cabral
Passava debaixo do pontilhão
Aquela rua de paralelepípedo
Quase cortando de norte a sul
A minha capital, Teresina.
Antes de chegar ao velho mercado
Está o armazém Paraíba, loja bem
Antiga, do meu amigo João Claudino
Fernandes, homem simples, humilde
Que apesar de rico, recebia a todos...
Mercado velho, velho mercado
Onde aconteciam as feiras livres
Todos os dias, o mesmo inferno
Barcos ancorando no rio Parnaíba
Trazendo de tudo e de todo lado.
Barracas, lojas e o supermercado
Do nobre e velho amigo Raul Lopes
Na esquina estava a quitanda dos
Nossos vizinhos, Felipe e Dorita
Que tinham umas filhas lindas...
A mistura de cheiros eu nunca gostei
Era peixe, carne, temperos dos mais
Diversos, frangos e porcos, bolsas
De couros de boi e o cheiro das frutas
Tudo, tudinho misturado-se aos outros...
Com uns onze ou doze anos eu estive
Ali naquele mercado velho, trabalhando,
Vendia pintinhos de um dia para um
Senhor, que eu nem conhecia, outra
Vez já estava vendendo batatas, cebola...
Eu, mesmo em pouca idade, queria ter
Um dinheirinho para comprar minhas
Pipas, carrinhos, e claro, doces e picolés!
E era ali no mercado velho, velho mercado
Que eu tentava conseguir, sem muito êxito.
Hoje, já faz quarenta anos que eu deixei tudo
Por lá e nem sei mesmo como é que está
Muitos e muitos já partiram, isso eu sei
Mas o rio Parnaíba está lá... O mercado
Velho, o velho mercado, ainda resiste...
Poeta Camilo Martins
Aqui,hoje, 03.02.09