cotidiano


Rola a bola,
passa o vento,
também passa meu tempo.
Tempo quente, Tropicália;
minha fronte já grisalha,
lamenta, chora ida tão breve.
Gira a cabeça,
gira, roda mundo
que me vê tão moribundo,
sem parar para uma palavra.
Passa crua, verdade calada,
que machuca, fere, maltrata.
Passa nua realidade,
faz minh’alma já açoitada
carregá-la mais a frente,
no rodopio da bola,
no vento que ainda passa,
no giro de muita gente.