Moleque de Rua

Em alguns rabiscos tentarei relatar

A minha infância de moleque de rua

que talvez poderá ser diferente ou até igual

do que foi a sua

Com o meu estilingue fazia aquela devassa

Espantava os passarinhos e quebrava os vidros

das vidraças.

A vida dos pássaros pra mim era sagrada

e não admitia que a deles fosse tirada

Sempre girava o meu pião.

Tanto na cela como na mão.

Com a fieira bem encerada

no dos outros dava a famosa nucada.

Palavrões ouvia, só que fazia de conta

de não entender.

Pois caso desse ouvido sabia que o tempo

podia ferver.

O carrinho de rolimã muito me marcou.

Junto com a molecada todo o santo dia.

Deixava a vizinhança louca da vida

pela barulhada que a gente fazia.

Por mais concentrados que ficávamos,

os nossos joelhos ficavam sempre ralados

nas fortes descidas que a gente descia.

Não posso esquecer do meu arquinho.

Rodava pelas calçadas e muitas vezes sozinho.

Mostrava para uns ser aplicado

Mas para os idosos que me conheciam

sequer olhavam pra mim.

Eu entendia muito bem da revolta

e porque eles eram assim.

Na escola onde estudava jamais vou esquecer.

Parece brincadeira, mas foi na primeira carteira

da primeira fileira que mais aprontei.

Da classe tenho muito que falar.

Foi onde fiz a minha inocente professora

perder a calma e quase chorar.

Hoje ela é minha amiga e quando encontramos.

Sempre sorrimos só relembrar por tudo que passamos.

Mas com a graça de Deus Divina tudo valeu a pena.

Pois nunca pensei que as travessuras de um moleque de rua

um dia pudesse se transformar em um simples poema.

Osvaldo Luis
Enviado por Osvaldo Luis em 02/06/2020
Reeditado em 02/06/2020
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