Moleque de Rua
Em alguns rabiscos tentarei relatar
A minha infância de moleque de rua
que talvez poderá ser diferente ou até igual
do que foi a sua
Com o meu estilingue fazia aquela devassa
Espantava os passarinhos e quebrava os vidros
das vidraças.
A vida dos pássaros pra mim era sagrada
e não admitia que a deles fosse tirada
Sempre girava o meu pião.
Tanto na cela como na mão.
Com a fieira bem encerada
no dos outros dava a famosa nucada.
Palavrões ouvia, só que fazia de conta
de não entender.
Pois caso desse ouvido sabia que o tempo
podia ferver.
O carrinho de rolimã muito me marcou.
Junto com a molecada todo o santo dia.
Deixava a vizinhança louca da vida
pela barulhada que a gente fazia.
Por mais concentrados que ficávamos,
os nossos joelhos ficavam sempre ralados
nas fortes descidas que a gente descia.
Não posso esquecer do meu arquinho.
Rodava pelas calçadas e muitas vezes sozinho.
Mostrava para uns ser aplicado
Mas para os idosos que me conheciam
sequer olhavam pra mim.
Eu entendia muito bem da revolta
e porque eles eram assim.
Na escola onde estudava jamais vou esquecer.
Parece brincadeira, mas foi na primeira carteira
da primeira fileira que mais aprontei.
Da classe tenho muito que falar.
Foi onde fiz a minha inocente professora
perder a calma e quase chorar.
Hoje ela é minha amiga e quando encontramos.
Sempre sorrimos só relembrar por tudo que passamos.
Mas com a graça de Deus Divina tudo valeu a pena.
Pois nunca pensei que as travessuras de um moleque de rua
um dia pudesse se transformar em um simples poema.