Desapontamento
Meu desapontamento está preso ao peito
Como cada membro de meu próprio corpo
Eu sempre volto ao antigo leito
De tristeza perdida num estado absorto
Parece que vago em minha própria existência
Um barco que sempre volta ao mesmo cais
O vício do peito em seu mar de insolência
Adormece a consciência sem a dor dos ais
No silêncio a violência é como pena
Presa e retornável em quem não se importa
Em deixar ser parcial o que se quer plena
A libertação deste exílio de carne morta
Eis a bagunça de um ser insaciável
Tudo lhe é dado embora insatisfeito
Alimente-se de um querer indomável
Que lhe destrói a tentativa de se achar perfeito