Retinas dos anos 70

Trago no olhar o aroma das ruas de 73

sinto porque vi

sei porque aspirei

Revejo no caderno velho

todos os meus poemas

velhice, sandice e novidade pequena

De que são feitos os filmes das retinas

os poemas no caderno afiançam-me estas tintas

que em memórias transformei

Devo transplantar de suporte - o filme envelhecido

e a alma do poema aparecerá

não mais palpável como a açucena

Trago na mente da minha avó o olhar

- sereno pouso nos postes de madeira -

e uma poesia invisível dentro da luz que amei