Recordações de infância

O menino sonha

memórias de infância

sonhos esquecidos

e ontem tão febris

o mundo inteiro

na grama

histórias

paixões

aquarelas

sonha e desperta

(despertos sonhos!)

e no espelho

então um estranho:

não é velho

nem tão menino

denota nos passos

alguma incerteza

mas seus olhos são

pura leveza

e assim vai tocando

objetos pelo quarto:

um globo iluminado (presente de colegial)

retratos desbotados

um livro antigo

os sonhos ali circundam

pode sentir sua presença

tangível às mãos do adulto

que se recobrou menino

pela memória evocam-se

mas como neles habitar?

sai ao jardim e deita-se

como antes na grama

aceita o fulgor do sol

contempla a face da lua

seus sonhos e memórias

são ele

assim como a carne

os ossos