A última DR (Por: Claudia Roberta Moreno)
Você sabe o que eu gostaria de te dizer agora?
Que nada mudou, que somos os mesmos e sempre fomos cúmplices, e a nossa conversa teria um fim nos teus lábios, amanhã tomaríamos o nosso café juntos, nos encontraríamos para o almoço e depois para o jantar e um filminho, eu colocaria a minha cabeça no seu ombro, sentados juntos no nosso sofá, antes de irmos para cama... Foi assim por muito tempo, e era lindo, eu fui tão feliz, nós fomos... Durante muito tempo minha esperança foi que se tivéssemos mais momentos assim, a gente se encontraria, e outra vez seríamos nós de novo.
Assim nunca chegaríamos a parte de um ter que ver o outro ir embora.
Mas, isso que vivemos não é mais real, não é?
E com a certeza do que hoje é real, eu te digo que esta será a nossa última DR.
Nos conhecemos quando tudo era vibrante, novo e emocionante, um mundo cheio de infinitas possibilidades e elas ainda são infinitas para você e para mim, não mais para nós.
Em algum lugar entre o ontem e o hoje, entre o aqui e o acolá, entre o agora e o depois a gente se perdeu.
E eu percebi isso, mas você soltou minha mão. Eu parei, fiquei por muito tempo estagnada esperando você, eu tentei trazer você de volta para nós, mas, não foi possível.
A gente cresceu e se distanciou.
Algo se quebrou entre nós, ou melhor se despedaçou como vidro que se estilhaça em milhares de pedaços e não podemos mais nem ao menos colar, por mais um tempo... Mas, eu sei que quando a luz toca os estilhaços de um vidro, mesmo despedaçado, os cacos ainda brilham.
E é assim que quero me lembrar de nós.
Quando os pedaços do que fomos brilharem ao sol, eu vou me lembrar do quanto fomos felizes e que foi lindo, na minha memória sempre será lindo, tudo valeu a pena porque ali éramos nós, nós fomos felizes.
E nós éramos mágicos.
SE CUIDA