CASINHA IGREJA - DE MÃE TONHA
[Para minha tia Ântonia Camilo, que carinhosamente
chamávamos de Mãe Tonha que partiu aos 93 anos
e muito feliz sempre]
Era a casa de tia Ântonia
Casinha bonita e risonha
De dia era sua casinha
A noite era uma igrejinha.
Casa de chão batido
Sem armário embutido
Uma forquilha comprida
Segurava a colmeeira partida.
Os bancos eram de tora,
De dia ficavam lá fora,
Nos cultos serviam de assento.
A cobertura, de palha ao vento.
Pertinho ficava uma lamparina,
A sala toda ficava clarinha,
E assim o pregador lia bem,
Explicando a bíblia também.
Esse pregador era o tio Elias.
Às vezes em noites bem frias,
Ficávamos a ouvir quietinhos,
Nos colos das tias, quentinhos...
Eu sempre adormecia ao ouvir
As estórias de um lindo porvir,
Que tio Elias tão bem contava!
Aquilo era certo, me embalava.
Hoje a casa igreja não existe mais,
Tudo mudou! Mas eu, jamais!
Terei sempre na minha lembrança,
Essa doce e bela cena da infância.
Poeta Camilo Martins
Aqui, hoje, 03.06.09