Haveria Algum Resquício de Felicidade Sem a Nota Musical Que Te Faz Chorar?
E sem o clichê de gritar o seu nome
Vi que as sementes que plantei de você nunca floresceram
Na ponta da praia me deitei
Teatro mudo não causa arrepio
Passaram por mim estrelas insones
Morro de ti, mas não morro de frio
Nadando na areia me afoguei
Gelado era o amargo, efêmero modo de chamar meu nome
Se por dentro era quente, a areia envidrou
Corre e busca o copo onde minha semente enraizou
Virei caco de brilho e estilhaço
Um espelho de memórias, um palhaço que se olha
Fez de conta que nunca contou
Se arrepende antes que suma
Lembra daquilo e dali e de lá?
Se arrebente em coisa alguma
Claro que não, nem teu nome me faço lembrar
Desertos no Chile e a solidão sempre esteve aqui
Qual é a nota em som que a gota que escorre reproduz?
Tantos ao redor sem a mão que estendia
Hoje fiz dum pássaro um amigo.
Paloma voando e espalhando mentiras
De cabeça pra ca me entendia
Não traz a doença, só quer companhia
De cabeça pra la fez que não
E o pão de migalhas colhidas no Outono
Pra fazer durar até o verão
Mas me disse que entedia
Afinal, quem era teu dono?
Quem não te entende só ouve teu "pru"
Melhor o silêncio ou o que tens a falar?
Haveria algum resquício de felicidade sem a nota musical que te faz chorar?
Flores eram
Floresceram
Flores serão!