AS MARGENS DA SAUDADE
(OU O RIACHO DO ZÉ BORGES)


Não era nenhum rio São Francisco
De ritmo ininterrupto, caudaloso
Que corria ruidosamente
Era só um riacho

Mas não era um riacho qualquer
Era o riacho do Zé Borges! Lá
Na minha ITIÚBA, no meu Urubu
Um riacho que na minha infância
Corria por sobre as pedras, a areia
Por sobre meus pés! Ruidosamente
E hoje, só corre na minha lembrança

Ri da minha renitente retórica
Quem vive às margens da poesia
Não viveu às margens daquele riacho
E não arde amargamente
Esta ardida saudade

S. Paulo, 18/07/1995