NA FONTE DOS ALHOS
dentro da inocência de criança crente,
dizia-lhe num beijo: como tu és bela.
era a minha amiga e fiel confidente
de todas a mais nobre, a mais singela.
contava-lhe os meus sonhos, os meus medos
daqueles pesadelos que me atormentavam
e sentia as verdes folhas serem dedos
que docemente me acariciavam!
sabia compreender como ninguém
a alma de uma criança assustada,
dizia-me no seu silêncio ser alguém
que precisava como eu,de ser amada.!
mas um dia triste e cinzento chegou,
aquela máquina que da terra arrancou
a sua vida. raíz, tronco, braços, dedos,
nada ficou. sómente os meus medos.
"in" Painel Multicor II vº