NA ANTIGA FEITORIA DOS LEAL

(Agricolândia/Piauí)

Seo Otávio que era Latão,

Um outro era Pedro Flor,

Venceslau encaretado,

Bom dia seo Chico Moura!

Tinha Nezin, que era Barradas,

Antônio de sobrenome Brito,

O Manoel que é Jaime,

E o grande Chicão, Alencar!

O Walter do prefeito Chicão,

Seguiu os passos do seu pai,

Hoje é prefeito e com dedicação,

Meu amigo de infância e do coração!

Osni ali pela coletoria,

Com umas filhas bonitas...

E seo Santana no cartório!

Tinha seo Lau, que era Estanislau!

Mãe Pêda que era a parteira,

Seo Êldo extraia dentes,

E Pedim Melancia na cachaça!

Conheci o prefeito Evaristo Reis!

Tinha lá seo Elesbão e também Damião,

Saindo da cidade a casa de Zeca Veloso!

Antoinzão de Maria das Neves e o facão,

não saía da cintura e a maldita cachaça!!

O Cotó que era amigo de todos,

Amadeu, o mão de vaca,

Com o apelido de nó cego,

num comércio ali no mercado!

Ao lado da prefeitura, lá está,

Sentado em sua cadeira preguiçosa,

Mariano Panta, que maravilha...

Ao lado da mãe de Zé Donila, meu irmão.

Olha lá o Manezin da Otava na festa!

Toin Pelado, Bonfim, que tragédia!

Seo Raimundim de dona Zumira,

E o grande Biel filho de dona Antônia!

Pra quem se lembra do Zé de Lica,

Antônio Luciano, perto da praça...

Zé Bernardo, contando estórias,

E Zé Vaniz fazia grandes festas!

Zé de Joana e suas boas paneladas!

E na farmácia o amigo Ciço Beleza...

O Nilo ficava ali ao lado do mercado!

E o grande amigo professor Joaquim.

Tia Pasça e seo Leonardo por ali,

Seo Cãindo de dona Loura, por lá!

Tinha João Barradas e dona Nenê...

É tanta gente, difícil é lembrar todos!

Lembro que o Manoel era Pandeiro,

Meu pai José, era Zé Curica...

E o tio Antônio, que é dos Camilo!

Chico Bené e o Chico dos Pulucena...

Zé Honorato, que tocava sanfona,

Dona Esmeralda na porta do casarão,

E lá na baixa, seo Zé Eduardo,

Matando boi pra vender à todos!

Seo Onório, pai de Belita, Luisão...

O Gonçalo Quirino, na lagoa redonda,

Ciço Rosa, vendendo frutas e verduras!

E Salvador casado com Lídia, minha prima.

Lembra-se de Pedro Lúcio, de Doliro,

Zé Bezerra, meu primo Arimathéa,

Que partiu antes do combinado,

Cilene, a nossa amiga professora?

Zé Vicente e suas lindas filhas,

Que eu ficava bem ali só de ôi...

Mas elas nunca me deram bola,

Eu sempre fui feio e sem sorte!

Tenente Chico Preto chegou por lá,

Raimundo bento lá já vivia...

Antônio Maltide, na rua da dona Bilá,

Que por sinal, era a minha tia!

Tinha Pastora, que era Pereira Lima,

Na avenida principal tia Antônia Camilo,

Quem passava dava a Bênção,

No interior ainda é assim, Deus abençoe!

Lembro do seo Zé Gonçalo, na faveira,

Do povo lá do tamboril e do boi morto...

Seo Bruno cá no buraco d’agua,

E seo Raimundim na estaca zero!

Nosso primeiro prefeito seo Mundico,

Grande médico doutor José Alberto...

Por lá passou o doutor Juarez, saudades!

E também doutor Antônio Barradas.

Gente importante, doutor Luiz Francisco,

Procurador do estado do Piauí, Brasil!

Agricolândia, terra de muitas revelações,

Em todas as áreas do conhecimento!

Doutor José do Egito Castro e Sousa, Gito,

Da grande e importante família dos Barradas,

Promotor de justiça em Sacramento, Minas Gerais,

Superando todos os prognósticos de que não viveria!

Exportadora de conhecimento para mundo!

E a mente vai surfando nas ondas do tempo,

Procurando pessoas na memória, anotar

Lembranças de um tempo distante e perto!

E lembro do Seo Cabriola na pitombeira,

Que foi muito amigo de papai...

O juiz de paz Miguel que me casou!

E Solimar minha querida prima por lá.

Ocione com seu grande comércio,

ainda vive por lá, ajudando sempre

as pessoas, com coração de bondade!

E dona Joana já partiu... Só saudade.

Tia Marcela se foi, mas Bidô tá por lá!

E Cassemiro Barradas, da dona Chiquinha,

Que morreu no mesmo dia que eu nasci...

Ali do lado o Raimundo das bicicletas!

Seo João Marques, que também foi prefeito,

E o Santos de tia Maía, mecânico de primeira!

Meu Deus do céu, quanta gente já partiu!

Até meu querido tio Elias Camilo já se foi!

Antônio Inácio, caçador, com João Mamede,

Tinha também seo Chico Paulo, Chico Isaque,

E meu amigo Joãozim de Pedro Flor,

Que lá no meu tempo foi até vereador!

Fransquim do Moura e minha amiga Toinha!

Dona Eunice, mulher de muita força e fé!

Seo Guilherme, tranquilo homem da roça...

Lembro-me de Alonso, de baladeira na mão!

Raimundo bigodão, morto covardemente...

Por lá passou o Abel, consertando rádio e tv!

A querida vó Egídia, tratando todos com amor!

E meus dois avôs que também eram Raimundo.

Antônio Guilherme, um político de mão cheia!

Zezim do buraco d’agua que novo se matou...

Seo Aristides, que nem sei que fim levou!

E o nosso grande Janga que ainda tá por lá!

Minha saudosa vó Luiza, carinhosamente Mãe Iza!

Boazinha com todo mundo, admirada por todos!

Dona Felícia, que era dos Pandeiros, no alto fresco,

Casada com o meu tio Elmir, gente boa demais!

Antônio José Martins Pessoa... Careca, O louco!

Zé pegado, Chico Laurindo, Raimundo Barradas,

Mário Artur, Luiz Melancia, Zé Inácio e Francílio,

E uma lenda de lá, chamada Maria do Nelo!!

Na avenida principal, seo Êmar, com dona Luiza,

Que fazia festa de são Lázaro e servia um banquete

Para todos os cães da cidade e nós, meninos, íamos lá!

Mas primeiro serviam os cachorros, depois era nossa vez!

Meu amigo Creginaldo, que ainda está por lá!

Grande Zé de Maria e meu afilhado Neto...

Ivan, o terrível! Wilson, o Mendes e Edinaldo!

Kledson, Geailson e o famoso Luiz Dicosa!

Eu, Camilo Neto, nascido e criado ali na feitoria,

Numa casinha de adobe, ao lado da igrejinha da baixa!

Longe de tudo e de todos há décadas e pensando...

Buscando na lembrança abraçar o meu passado.

Tantos da geração passada e outros dessa agora!

A vida passa depressa, a gente nem vê a hora...

Quando volto pra Feitoria, que hoje é Agricolândia,

Vejo só desconhecidos, outros estão mundo afora!!

Poeta Camilo Martins

Aqui, hoje, 14.10.2017

10h46min [Manhã]

Estilo: Prosa