SERTÃO QUE AMO TANTO - (REEDITADO)

Eu nasci no dia 27.03. Na cidade de Itapetim, sertão de Pernambuco-Região do Pajeú. Conhecida como berço imortal da poesia. Esse poema faz tempo eu escrevi, baseado na minha própria existência, do tempo de infância e mocidade.

SERTÃO QUE AMO TANTO - João Nunes Ventura

Eu nasci num dia lindo

Lá nas terras do sertão,

Lá cresceu meu coração

Em meu peito infantil,

Onde a vida tem mais vida

As estrelas são de pratas,

Iluminam em cascatas

O meu céu azul de anil.

A minha casa singela

Em criança a brincar,

Ela foi o meu altar

E a vida que eu sonhei,

E no balanço da rede

Ao som da minha viola,

Eu cantava minha história

Nos poemas que eu criei.

Na moagem de engenho

Primavera linda e pura,

E no doce da rapadura

Os meus dias de alegria,

E nas festas do padroeiro

O São João dos pipocos,

As noitadas dos caboclos

E as novenas de Maria.

Na alegre aurora clara

Lá no pé daquele monte,

Eu bebia água da fonte

Era meu contentamento,

Subia na pedra grande

Perto daquela chapada,

Convidava a namorada

Ao luar do firmamento.

Que delícia que beleza

Aquelas tardes fagueiras,

Brisa das lindas palmeiras

A perfumar a minha rua,

No cantar do passarinho

O encanto melodioso,

Perto do rio formoso

Convidando a branca lua.

Do meu tempo de rapaz

E também no de criança,

Meigos dias de infância

Dos forrós pelos quintais,

Os acordes na alvorada

A minha primeira escola,

Os cadernos e a sacola

Eras que não voltam mais.

E sempre quando chovia

Eu dormia na palhoça,

Cedinho ia pra roça

Plantar milho e feijão,

E onde nasce o Pajeú

Eu andava satisfeito,

Tinha o meu pai no peito

E minha mãe no coração.

Lá na nossa vacaria

A minha vaca malhada,

Castanhola era pintada

Em cores que eu queria,

Que simples a vida era

A brincar pelos terreiros,

E subir nos juazeiros

Assobiando uma melodia.

A brisa fresca e gostosa

O vento chegando frio,

Eu enfrentava o desafio

E no salão ia dançar,

E a morena enfeitada

Com o seu laço de fita,

Risonha moça bonita

No salão a encantar.

As mocinhas da cidade

Pulando pelos terreiros,

Tantos amores primeiros

Agora eu tenho saudade,

Eu trago como lembrança

As canções as melodias,

Belos sonhos e simpatias

Que tempos de mocidade.

A paixão que eu tenho

Mora no meu coração,

Oh! Deus o meu empenho

É voltar ao meu sertão.

Subir no alto da monte

Olhar campo verdejante,

E encontrar no horizonte

Linda estrela que clareia,

Os frondosos coqueirais

Onde cantam os sabiás,

E que saudade me traz

As noites de lua cheia.

O sertão que amo tanto

Meu tesouro meu celeiro,

Amor puro e verdadeiro

Nascido em uma canção,

Minha alma apaixonada

Se espalha nas campinas,

Onde as águas cristalinas

Banham o meu coração.

João Nunes Ventura
Enviado por João Nunes Ventura em 27/03/2020
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