O Redimensionar
Viajo de avião.
Me afasto da minha superficialidade
ao ver um outro tamanho dessa nossa cidade.
Da janela do avião,
meu coração
é dominado por uma forte emoção.
Encaro a cidade pequena
e a divina centelha
em cada ponto de luz
criada para um amor que reluz.
Vejo do alto
menor o asfalto,
menor a minha casa,
menor aquela estrada
que tanto eu passava.
Entre as nuvens e as estrelas,
viajo no avião para melhor vê-las
e redimensionar meu tamanho,
meu ego que embarganho,
meu estado físico, cada trauma,
meu martírio, a dor da alma...
Entre o Sol e a Lua,
viajo a toda força para a busca
de me conscientizar sem mais medo
de como sou pequena para o universo
depois de ver tantas nuvens de perto
e de como sou grande para o meu verso
ao me empenhar pelo que eu quero.
O céu se faz real.
O problema se desfaz anormal.
Assim, consigo perceber
o meu poder
de enfrentar cada dificuldade
redimensionada para reconhecer minha capacidade
ao lidar com a razão e a emoção
o que, no momento, tanto afligem minha cabeça e
coração.
Vejo o quanto posso agir.
Vejo o quanto devo seguir
e aceitar
que há coisas que não conseguimos controlar, mudar...
Mas outras que estão
na nossa mão
se a gente se ver capaz de encarar a situação
não tão grande como a gente achava
porque, às vezes, damos uma exagerada...
Me vejo maior em minha capacidade
ao conseguir enfrentar a realidade
mesmo com algumas incontroláveis fatalidades.
Vejo menor cada adversidade a me acometer
já que agora sou capaz de algo contra ela fazer
porque antes a via tão grande que me assustava
achando que a ela estava eternamente condenada.
A minha alma desencarnada persiste
viajando ao além porque, depois da viagem, ainda existe
o que faz com que ela se sinta, simplesmente, livre...
Imagem gratuita: By Vadim Sadovski From Unsplash.
Poesia Experimental: Existe um nome para esse formato em que a cada estrofe vai aumentando o número de versos? Se não, eu batizo de crescentrofe = crescente + estrofe. kkkk