Zeitgeist

Através de um rio enlameado

Segue o homem enlatado

Rio que caminha para o mar

Incapaz de retornar

Inércia, incontível, arrasta o homem do tempo

Pelos vórtices, correntes e ventos

Sempre a descer

Quase nunca a perceber

Homens sem rostos

Voam em asas de morcegos

Na direção da escuridão

Quanto sangue cabe-lhe na mão?

Sobre escombros de um antigo tombo

Fazem casas quebradas

Sobre a areia constroem jangadas

Que um dia serão afundas

Vaidade, tudo é vaidade

Para o que se afasta da verdade

Busca, toda busca é banal

Para o que não vê o farol

Certeza, toda ela transitória

Para o que se firma apenas na própria história

R R Vieira
Enviado por R R Vieira em 28/01/2020
Reeditado em 28/01/2020
Código do texto: T6852128
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