O SINO DE MINHA ALDEIA

O sino de mina aldeia

me emocionou quando menino.

Velho sino!

Velho sino!

Que saudade do teu canto

nas missas de domingo,

nas missas de galo

ou nas tardes de novena.

Como era lindo

quando eu era menino... O cenário verde.

O riozinho. (A vila era uma ave branca).

A capelinha azul toda enfeitada

e o sino a tocar

“Vitalina tá em casa!

Vitalina tá em casa!”

(Vitalina morreu faz muitos anos).

Velho sino!

Velho sino!

Tão pequenino e anônimo

como a alma dos compônios que embalavas.

Velho sino!

Badalaste em noivados da roça.

Badalaste em batizados e festas populares.

Badalaste em tardes de luto.

Choraste, com os roceiros,

lágrimas de saudade,

quando os acompanhaste em dobres funerários

no último caminho desta vida... Velho sino!

Velho sino, meu amigo de infância,

sinto em tua voz, agora amargurada,

a mesma voz em mim desemparada

de todas as alegrias que perdi no mundo.

MANUEL MARTINS

Academia Betinense de Letras
Enviado por Academia Betinense de Letras em 07/10/2007
Reeditado em 31/10/2007
Código do texto: T684040