CAMARIM DAS LEMBRANÇAS
Eu queria tanto começar
Tudo outra vez!
Poder seguir as marcas
Que deixei esculpidas
Em algum lugar,
Por onde eu passei.
Sentir o fulgor das manhãs nascendo
Iluminando meu ávido rosto
Aquecendo o meu corpo.
Viver a ilusão de que o tempo
Não passou para mim;
Que o rio da minha vida
Não desviou o seu curso.
Que a plateia do teatro
Da minha existência
Que um dia me aplaudiu,
Na última cena que interpretei,
Ainda está lá esperando
O meu retorno.
Que o camarim das lembranças
Ainda guarda os disfarces;
Que caracterizaram os diversos
Personagens que vivi.
Mas, o que fazer se tudo passa!
Se todo começo tem um fim
Que em dado momento
Nossos caminhos se entrelaçam;
E, depois tomam direções
Opostas aos nossos anseios.