Presente
Ah! que presente eu gostaria de ganhar? o que ganhar?
Se eu pudesse ter o infinito ao seu lado, gostaria.
As horas, dias, meses, fazem-me parar de sonhar,
Caio da minha utopia e reajo a vida crua.
Onde pôr a foto nunca tirada? sobre o quê?
Ficaria ela no mogno, cabeceira da cama, qualquer lugar?
Aquela figura geométrica dos quais ganham forma,
Quadrada, retangular, às vezes oval, circular,
Fica presa a imagem retratada no tempo.
Viria eu seu sorriso toda vez que já nem lembra-se dele.
Sorriria sozinho também como um louco feliz,
Porque o destino me tirou o infinito, mas não o amor.
Creio que um dia não a verei mais, e ficarei só,
Como antes. Nem o seu corpo, nem os lábios,
Nem os seus olhos, toda a sua curva, será de outro.
E esse desejo que sinto em tê-la ficará preso em mim,
Amargando-me o gosto azedo da derrota.
Mas isso já não importa mais, pois de que adianta falar.
Consola-me meu sentimento ser maior que tudo,
E a esse sentimento o infinito é insuperável.
Deleito-me com os dias que passei ao seu lado,
E me fez ser o que não sou simplesmente para vê-la.
E assim, as horas, dias, meses, passam aos meus olhos.
O que ganhar? O que posso eu querer? O infinito?
Sim! gostaria de passar o infinito contigo se possível,
Mas tenho algo melhor, não desmerecendo-a,
Pois a mim foi dado o poder de amar até o infinito.