ROMAGEM À MINHA TERRA AFRICANA
Fui de romagem à minha terra,
Levei comigo minhas memórias,
Para relembrar tempos antigos,
Com todos amigos ainda vivos.
Encontrei tantos cabelos brancos
Como os anos que são passados,
E que mantêm os seus encantos,
Sempre muito bem penteados.
As árvores se lamentaram doridas
Com os maus tratos e abandono,
A que são votadas por inimigos
Que se julgam seus únicos donos.
Os animais magros e esfomeados,
Queixaram-se da falta de comida,
Apenas lhes dão sobras e ossos,
Gente desumana, bastante sovina.
As florestas doridas pelas agressões
Do seu abate sem conta e medida,
Para enriquecer as elites malditas
Que não têm escrúpulos e corações.
As águas dos rios e da linda baía,
De azuis passaram a cores negras
Contaminadas pela atroz poluição
A que estão sujeitas sem punição.
A minha romagem terminou, enfim,
Com minha profunda e má desilusão
Não tendo vontade de voltar assim,
Sem vislumbrar possível solução.
Ruy Serrano - 09.12.2019