PARA FALAR DOUTRO TEMPO
a casinha era tão singela
vou falar um pouco de alguém que viveu dentro dela
era uma mulher forte
sorridente
confiante
ela preparava um pão
que o cheirinho bom andava todo quarteirão
ela plantava flores onde a água quase nem chegava
ela andava
andava quilômetros e quilômetros com um filho nos braços
para chegar à cidade
e não perdia a fé
quando o mundo quase desabava
ela cantava
e comidinhas gostosas preparava
ela tinha nos olhos umas estrelas brilhantes
e seguiu assim
seus olhos foram faróis
direcionaram seus filhinhos
e ela sempre a sorrir
engoliu até as lágrimas de seu existir