Mirah...

*

Andava dentro de mim, colada ao próprio corpo.

Eu a inventei em uma noite ruminosa, dessas bem comprida de vigília.

A inventei antes mesmo de ser gesto, antes de ser alegria, dor ou lágrima.

A inventei de meu próprio sofrimento, dos recortes apagados de uma infância infeliz.

Do cheiro que nunca senti e que me persegue.

Só vens quando me dói, ou quando me és excessiva.

Em ti escondo o que há de mais autêntico em mim e mostro apenas esta, que é a minha mentira.

De um canto de mim alguém murmura baixinho:

É essa, que ninguém vê e que consegue inventar um mundo em meus lábios.

Na tua boca, menina, minha vida se inicia.

MIRAH
Enviado por MIRAH em 18/11/2019
Reeditado em 17/01/2020
Código do texto: T6798122
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