Aurora
Hoje lembrei da época
em que estudava pela manhã
e minha mãe me acordava,
fritava as bananas d’água
polvilhava açúcar e canela,
e me arrumava para ir à escola.
Me vestia dos pés à cabeça
e sempre punha as cuecas
de que eu menos gostava.
Depois, arrumava meu lanche
e dizia, plena da carinho
e austeridade: vai estudar.
E lá ia eu chorar meus cântaros
na escola Paraíso do Menino Jesus.
Já são quase 14h e a tarde
tem seu anúncio em meio
ao frescor da primavera,
minha lágrima ainda corre
não tanto pelo que tive
mas pelo que jamais terei,
pois os melhores momentos
de uma vida
jamais se repetirão.