Os melhores dias de uma vida
De que adianta voltar lá se não viverei a aurora
daqueles dias?
De que adianta ficar, se aqui não viverei nada
com o mesmo eflúvio?
A constatação de que o laço foi rompido
de que o amor resiste, mas que o pulso cessou,
a certeza de que o retorno é tétrico e impossível
já anunciou a verdade com o cano do revólver
na minha testa: não tenho aonde ir.
E se desejo ir a algum lugar,
não saio de casa. Tudo que tenho está comigo,
está mim,
minha memória, o que tive e não mais terei,
tudo aquilo que quis ter e sumiu com a jornada
sob a noite veloz,
agora serão verdades silentes sob a chuva
e logo só eu lembrarei delas.
Os ciclos se fecham, todo ciclo se fecha
e os que ficarem abertos
serão adornos no caminho de volta,
pois, segundo os olhos de minha mãe,
todos voltamos para casa um dia
(embora eu agora durma
num quarto cheio de dúvidas).