Silêncio metálico

Dentro da solitude do poeta existe

Um mundo maior que as mãos

Do infinito. Além do silêncio

Metálico e da sombritude dos olhos,

Um ego de profundas cicatrizes

Desenha, pontiagudo, a imensidão

Das palavras. O poeta recorda,

Sonha e sofre, calado, a história

De seus quase nove mil e duzentos dias

De desilusões. E no mais,

Um retrato no canto da mesa,

Um violão no canto do quarto,

A saudade no canto do peito

E a vida no canto das horas.

Um suspiro. Nó na garganta.

O pranto abafado. As palavras,

Os planos e os sonhos, todos

Desfeitos pela inexplicável diferença

De gostos. A idéia do suicídio.

O relógio a arrastar o tempo,

Dentro da noite, em suas badaladas

Angustiantes. Nada maior que a dor

De um coração sepultado em vida.

Maurício Apolinário
Enviado por Maurício Apolinário em 03/10/2007
Código do texto: T679050
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