Lá na praia onde larguei o meu barco
Se no final tiver sorte, volto cremado
à praia da Gamboa.
Volto ao meu lanho aberto, meu pasto,
meu lugar na glória efêmera da vida.
Neste dia, no tilintar dos ponteiros
ao alarde da hora, tudo ficará
como deverá estar: fulgente e resoluto.
Minha vida, porção de tempo
disposta em dias de luz e agonia,
estará selada em cinza sob o sal
onde abençoei minha cabeça
e entreguei minha alma em devoção
aos ritos infinitos.
Não desejarei nada. Não terei nada.
Temerei a Deus, enfim estarei livre.