CT II
Ouço os pingos das águas de Março
Sem que sequer uma gota molhe o meu rosto
As mágoas rebatem no aço
No descompasso do meu desgosto
Com cartas eu construo meus castelos
De envelopes amarelos
Que esmaecem meus sorrisos
Juro promessas, faço pactos e alianças
Minto feito uma criança
Tentando aplacar o castigo
Fadado a um destino,
sem escolha ou domínio
Só delírios oníricos,
acalentam meu ser
Desperto aos prantos
Arrastado por gritos
Que praguejam aflitos
Ao anoitecer
Sou sensível ao seus horrores
Experimento seus temores
Vivencio seu desprazer
Mais um dia do calendário
Rabiscado no imaginário
Sou um detento solitario
Acorrentado ao fardo do ser.