CT II

Ouço os pingos das águas de Março

Sem que sequer uma gota molhe o meu rosto

As mágoas rebatem no aço

No descompasso do meu desgosto

Com cartas eu construo meus castelos

De envelopes amarelos

Que esmaecem meus sorrisos

Juro promessas, faço pactos e alianças

Minto feito uma criança

Tentando aplacar o castigo

Fadado a um destino,

sem escolha ou domínio

Só delírios oníricos,

acalentam meu ser

Desperto aos prantos

Arrastado por gritos

Que praguejam aflitos

Ao anoitecer

Sou sensível ao seus horrores

Experimento seus temores

Vivencio seu desprazer

Mais um dia do calendário

Rabiscado no imaginário

Sou um detento solitario

Acorrentado ao fardo do ser.

Michael Thomaz
Enviado por Michael Thomaz em 03/10/2019
Reeditado em 24/03/2024
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