CT II
Ouço os pingos das águas de marco
Sem sequer uma gota molhar o meu rosto
As mágoas rebatem no aço
No descompasso do meu desgosto
Com cartas eu construo meus castelos
De envelopes amarelos
Que esmaecem meus sorrisos
Juro promessas, faço pactos e alianças
Minto feito uma criança
Tentando aplacar o castigo
Assento-me a mesa dos malfeitores
Ladrões e pregadores
Assassinos e doutores
Intoxico me com o valor de seus favores
A ilusão de seus terrores
Um leão vivendo com gladiadores
Experimento um destino
Sem escolha ou domínio
Delírios oníricos
Acalentam meu ser
Desperto aos prantos
Arrastado por gritos
Que praguejam aflitos
Ao anoitecer
Sou sensível á seus horrores
Experimento seus temores
Vivencio seu desprazer
Mais um dia do calendário
Rabiscado no imaginário
Sou um detento solitario
Acorrentado ao fardo do ser.
Michael Thomaz
Enviado por Michael Thomaz em 03/10/2019
Reeditado em 06/11/2019
Código do texto: T6760302
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