LEMBRANDO DA CASA FRATERNA

Com dezoito anos de idade

Comecei cantar repente

Lá no velho casarão

Da minha querida gente

Malhadinha meu distrito

Ali fiz verso bonito

Ao som do baião plangente

Naquele casarão belo

Aprendi tocar viola

Depois metrificar verso

Sem professor, sem escola

Como poeta novel

Eu virei bom menestrel

E artista da fazendola

Nosso casarão bonito

Virou meu belo cenário

Ali conquistei meu povo

E fiz verso solidário

Praquela gente pacata

Eu virei autodidata

E menestrel solitário

Nosso casarão ficou

Gravado na minha mente

Os vizinhos mais sinceros

A minha querida gente

Como vate debutante

Eu pensava a cada instante

Num futuro reluzente

Sem contrariar meu povo

Eu tentei ser cantador

Viajar pelo Nordeste

Conhecer mais de um setor

Levando a minha mensagem

Sempre falando a linguagem

Do caboclo agricultor

Nosso lar virou bom palco

Da viola e do repente

Malhadinha me acolheu

Meu povo ficou presente

Neste casarão paterno

Eu tentei ser sempiterno

Ao som da lira plangente

Foi lá no meu lar paterno

Que senti grande pendor

Pela arte da viola

E a vida de cantador

Quase sem ter lição

Aprendi tocar baião

E poetar com amor

Como jovem talentoso

Sempre respeitei meu lar

Sempre ouvi minha família

Tentando me aconselhar

Ouvindo a voz do destino

Comecei quase menino

Ser artista popular

No alpendre da nossa casa

Eu fizera bom festim

A juventude presente

Cantando e louvando a mim

Perante aquela plateia

Eu mostrava minha ideia

De repentista mirim

Nosso casarão bonito

Há tempo virou destroço

O cupim comera a porta

Depois o portal mais grosso

Só resta mesmo a lembrança

Que lá também fui criança

Por lá cantei quando moço

Em estrofes geniais

Eu cantei meu casarão

Relíquia dos Agostinho

Gente do meu coração

Meu reduto singular

Onde aprendera a cantar

As belezas do sertão

Neste casarão modesto

Recebi muito carinho

Das minhas mães adotivas

De parente e de vizinho

Hoje só resta saudade

Das coisas da mocidade

E dos acordes do pino

Poeta Agostinho
Enviado por Poeta Agostinho em 16/09/2019
Reeditado em 16/09/2019
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