TROVEJOU
De repente vi tuas palavras despindo-se perante mim.
Uma a uma, insinuantes, destilavam de tua boca
Como gotas de chuva arrancando as celestes vestes.
Eram as ninfas de Camões a correrem nuas na minha própria ilha.
A terra em mim, deserto sedento, esperava o precipitar das águas,
Desejava tê-las entranhada em toda a extensão de seu ermo
Nuas águas em terras nuas!
Mas trovejou apenas...
Pulsa, porém, nos olhos, os nuances do enlace que não se fez,
A viva imagem daquela ousada, mas impenetrante nudez...
Vênus de Botticelli a fitar-me..., mas ainda na concha.