Villegagnon

O mar plúmbeo lambia todo dia
as rochas do meu destino.
Todo dia vivia os seus matizes
querendo descobrir os seus segredos
e saber dos meus caminhos.

Às vezes, calmo, não me exigia...
Noutras selvagem,
golpeava as pedras de Villegagnon...
O seu ar seduzia...
Cheiro de maré, maresia...
O ferir das pedras
fortalecia suas ondas, me dava forma,
me dava força...
Enquanto seu marulhar acalentava meu sono
e meus sonhos...

Um dia o trabalho terminou.
Aquele mar didático, soturno, anônimo,
dinâmico me tornou.

Lançou-me n’água,
já cinzelado e esculpido em rocha dura.
E flutuei, senhor do próprio mar.
E marinheiro, naveguei...