Marcas
Venho da Terra chamada podre,
do pântano, onde minhas recordações,
brotando nas margens do Rio Pojuca,
derramam-se em lágrimas de néctar preto.
Eu venho daquela terra
carregado pelos braços de Xangô,
debruçado nos seios de Oyá,
dormir ao colo de Mãe Odete,
guerreira da acarajé.
Eia! Preta Véia!
Lá, vi milhares de coisas:
acordei dentro do rio,
deslizei por entre as chamas do trem,
vi o concreto brotar.
Eu venho de Pojuca
e seu forte cheiro de manga
ainda exala dos meus poros.
As pedras do calçamento
Ainda ferem meus pés
Ando e falo como o louco da feira,
dos livros que li, era o mais denso.
Era a contradição com tradição.
Corcunda, peso do tempo, reação.
Bom Jesus da Passagem
Festa do Boi Janeiro, Samba de Viola.
Ah! Samba de Viola!
Óleo negro lavando as mãos.