POEMA DE LEMBRANÇAS FUGIDIAS

O presente só se eterniza quando passa,

Vive o limiar de infinitos distantes,

O passado eternizado, o futuro que será perpétuo.

Depreende-se que ele possui a graça,

A graça de ondular ante o que sinto.

Passado, presente, futuro : De quem será o cetro ?

O tempo reina, governa e faz reinações;

Mas contém em si, como caverna,espaços,

Nos quais cabem beijos, beijos e abraços,

Como se faz nas águas dos lagos as ondulações.

E assim, do modo mais terno, afiança

A narração que o ato infinita

Se narrado, pois o narrador faz aliança

Com cada narração que se cogita.

"A casa dela foi demolida;

Antes, tudo sobre ela me exaltava,

Mas o fim nos trouxe termo

Ao que acreditávamos fosse vida.

O tampo do baú perdeu as abas ...

O lugar da casa ... creio -me enfermo ..."

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 01/06/2019
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