Soldado da Pátria
Eu não tinha medo dos perigos
Porque carregava o poder à mão:
Fuzil e um embornal de munição
Peito e coração destemidos.
Dois mil metros na alça de mira
Era tiro de muita precisão
Mas inútil para este recruta sem ira
Que ora e vez só acertava o chão.
Um dia o Sargento esbravejou:
- Soldado, deixe de tolice,
Ajuste a alça do rifle
Que o inimigo se levantou!
Soldado da pátria você há de ser
E a pátria é a sua mãe agora
Portanto, é chegada a hora
Como soldado, matar ou morrer!
É chumbo para dar no pé
Trinta balas de repetição
E com mira de total precisão,
Só não mata quem não quer.
- Sargento, não tome como picuinha,
Por contrariar seu pensamento:
Me pergunto neste exato momento:
Se vale a pena morrer pelos coxinhas?
O Sargento avermelhou e cuspiu fogo
E mais parecia um furioso dragão.
Olhou-me nos olhos e abriu o jogo:
- Quer saber, soldado? Claro que não!