Regina menina
Aquela menina sentada, estática. Três anos. Mão no rosto a cismar.
"Espírito de velha"_ dizia a mãe.
O que via, o que pensava, o que sentia? Aos três anos, calma e doçura exige o mínimo de dinamismo.
"Criança não para." Frase corrente entre as comadres. Mas aquela menina parava. Sentada, mãozinhas no rosto, olhar perdido. Onde? No passado, lembranças de outra vida? No futuro, quem sabe, conhecido e não desejado? Ou na presente dor desta curta vida? Tão curta que não aprendera a expressar o que a alma chora. Havia tristeza, com certeza.
A menina cresceu, a tristeza também.
Envelheceu. A tristeza como companheira.