SOMBRAS DO PASSADO

No fundo do quarto um espelho
No aconchego da cama um drama
Que acompanha um coração que clama
Na procura do vestígios de uma dama
Que adormece e perde sua chama
Mas que em poucos minutos
No inverso de um verso inflama
E numa reviravolta volta
E ama.

Para que neste coração bandido fixe
Eterna lembrança nesta suave dança
Reflexo gravado no espelho prefixe
Amor ou desespero
Nesta pequena
Mas, sobretudo testemunha de dramas
Cama.

Na sala Bate papos
Na parede quadros
Nas estantes retratos
Nas palavras falsos fatos
Desenhados com o cuidado das fugas
Esculturas de mentiras escusas
Deixando a verdade encoberta por neblinas
Desenho, pintura, esculturas finas
Colocadas a encobrir sujeira corrente
Passado solvente
Máscaras da vida.

Na janela prima horizonte
Num desenho que chega fronte
Trazendo um pouco de verdade enfim.
Que me amanheça natureza
E anoiteça dentro de mim.