Lembranças
Eu voltei para rever sua fachada
Confesso, não esperava ver-te tão abandonada
Grilhões enferrujados fechavam a sua entrada
Não precisei nem os abrir para voltar ao passado
Foi uma volta ao tempo, sentimentos exacerbados
Que estavam adormecidos, mas tudo estava gravado
Na minha mente, imagens que nem o tempo
Mesmo no esquecimento, nada foi apagado
Os jardins que te enfeitavam, perderam as cores
Trago na memória o perfume e a beleza das flores
Que foram levadas pelo vento
Deixadas no esquecimento, todas morreram de amores
Aquela estátua branca, quase não consigo vê-la
Envolvida em teias que as aranhas costumam tecer
Como uma forma de manto
Fabulado para protegê-la
Tem um cantinho especial que não consegui esquecer
Uma cadeira colonial, onde alguém especial costumava adormecer
Com os cabelos branquinhos
Olhos cheios de carinho para me oferecer
Mas tudo parece estar igual, naquele bosque encantado
Ouço no canto dos pássaros uma canção de ninar
Ouço também o meu pranto
Acalentado pelo canto dos que vieram me saudar