Lembranças

Eu voltei para rever sua fachada

Confesso, não esperava ver-te tão abandonada

Grilhões enferrujados fechavam a sua entrada

Não precisei nem os abrir para voltar ao passado

Foi uma volta ao tempo, sentimentos exacerbados

Que estavam adormecidos, mas tudo estava gravado

Na minha mente, imagens que nem o tempo

Mesmo no esquecimento, nada foi apagado

Os jardins que te enfeitavam, perderam as cores

Trago na memória o perfume e a beleza das flores

Que foram levadas pelo vento

Deixadas no esquecimento, todas morreram de amores

Aquela estátua branca, quase não consigo vê-la

Envolvida em teias que as aranhas costumam tecer

Como uma forma de manto

Fabulado para protegê-la

Tem um cantinho especial que não consegui esquecer

Uma cadeira colonial, onde alguém especial costumava adormecer

Com os cabelos branquinhos

Olhos cheios de carinho para me oferecer

Mas tudo parece estar igual, naquele bosque encantado

Ouço no canto dos pássaros uma canção de ninar

Ouço também o meu pranto

Acalentado pelo canto dos que vieram me saudar

Dina Paraguassú
Enviado por Dina Paraguassú em 06/01/2019
Reeditado em 18/02/2024
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