Como voltar

Como voltar

Para um amor que se perdeu

A onda levou tudo o que conquistou

E na ressaca deixou apenas os restos

Restos apodrecidos pelo tempo

Não há porque trazê-los de volta

O que vale é limpar

Deixar transparente de novo

Para que a sujeira não polua o resto dos sonhos

Alguns já se perderam

Outros continuam intactos

Insistimos no que?

Ainda somos os mesmos

E sei o que será no amanhã

Confiança já perdi

Resgatá-la... apenas milagre

As portas estão fechadas

Não há mais a luz do olhar

Mesmo que o sentimento possa estar vivo

A razão o deixa escondido

O tempo passou e passou depressa demais

E nunca mais nos vimos

E mais uma noite vai embora

E o que estão a fazer?

A decifrar incógnitas

Palavras mal ditas ou

Palavras que juraram amor eterno?

E quanto vale esse tempo?

E quanto vale essa nostalgia?

Lembras que não se encaixam mais

Dores que já nem sinto

O receio é o que ficou

E o medo é parte da sobrevivência.

Viver só, sem lamentos

Talvez seja a melhor opção

Mas, se ele falasse hoje

Não saberia o que iria sentir

E todo o discurso preparado

Se perderia no ar

Porque o instante é o instante

E quanto mais planejamento

Mais se torna inconstante

Uma luz a noite

Nada mais que o luar

Iluminando o peito

Para imaginar em seus braços estar

A rua vazia

Denota uma poesia

E assim é tão fácil escrever

Quando nas palavras ecoam o saber.

E agora tudo é tão frio

E tudo está longe

E não há mais calafrio.

Porque a maturidade chegou

E tudo que abalou

Foi passado a trás

E agora, nenhuma dor se faz.

SILVIA F SOUSA
Enviado por SILVIA F SOUSA em 04/01/2019
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