Simplicidade
O canto do galo precedia a cada amanhecer
Adentrando aos ouvidos, espantando o sono.
Nos quintais, os despertadores anunciavam as horas,
Batiam as asas e soltavam o canto.
O sol erigia se sobre as casas e com seu brilho inerente
Mostrava-se pelas as frestas do telhado
Salpicando com esmero!
As paredes desbotadas.
A chaleira que jazia sobre a lenha no fogão
Soltava alguns fios de fumaça
Que desprendiam-se serpenteavam
E subiam ao céu em seu gracioso balé.
O café passeava sob o nariz
Exalava o seu perfume por toda a casa.
E enquanto a xicara nos convidava aos seus beijos
O olhos passeavam sobre a serra
Deitavam-se sobre um colchão de folhas e flores.
Muda-se o fogão, mas o fogo continua
A lenha do tempo presente, ora esquenta
A velha chaleira de outrora.
O café ainda passeia sob o nariz nos novos dias.
Já faz algum tempo que não ouço os quintais.
Avultam-me as lembranças das velhas manhas.
Costuro os meus sapatos com a linha do horizonte
Deixo -me levar pelos os sons desse mar,
Que trazem aos meus olhos
Um belo colchão de flores e folhas
E sobre a mesa,
Uma xicara borda de beijos!