Tric tric
Tric-tric vem passando fazendo me despertar
Deslizando sobre a mente
Mostrar o tempo, corta o ar.
Corta a linha na agulha, corta as folhas no jardim,
Corta os pelos, corta as unhas,
Corta o sono, corta a mim.
Tric- tric vem voando presa nos dedos da mão
Vai cortando o silêncio
Que desprende e vai ao chão.
Tric-tric corta o dia, corta noite e o luar
Só não corta essa saudade
De ouvir ela cortar.
Tric- tric tão calada, está sem dono, está sem mãos
Já não corta, não faz nada
Esquecida em solidão.
Tric tric na gaveta sobre um pedaço de chita
Cega, sem fio, sem corte,
Já não canta, Já não trica.