HISTÓRIA DE GUERRA,VOVÓ E OS FILHOS NA FEB
Poema I
Era verão em Pindamonhangaba,
Mas o coração de minha avó gelava
No ano de 1945 :
Dois filhos no front de Itália,
Nascê-los àquela época fora sua falha,
Chorava ao tirar o brinco...
O Repórter Esso dando boas novas,
Finalmente a guerra acabara !
Hitler, enfim, se suicidara !
E os filhos? Resistiram à prova ?
A chegada ! Tio Dimas... início da tarde,
Filho predileto são e salvo, salvo !
Mas e o outro amado, Geraldo ?
Toda alegria voltava às grades...
POEMA II
Não há refino em dores de guerra,
Vovó sofreu o pesar do luto,
Filho perdido do modo mais bruto,
Nunca mais se renderia às belezas da serra...
Sua fé inabalavelmente católica
Perdeu-se feito ave em tempestade.
Não comungava mais, como perdoar Alemanha ?
Dor no anonimato, nada, nada histórica.
Dor no mais alto grau de intensidade :
Como podem achar aquela guerra ganha ? !
Três meses, titio já possuía oratório junto ao forno de pães.
Vela acesa todo o tempo, flores colhidas da roseira.
Antes caridosa, vovó chateou-se ante o mendigo junto à porteira...
Mas ele disse, "Não me conhece mais, mamãe ?"*
NOTA: Tio Dimas ficou na retaguarda, mas tio Geraldo era da infantaria. Numa batalha foi feito prisioneiro dos alemães, encaminhado para um campo de concentração de prisioneiros, só foi libertado três meses após o fim da guerra.