RECORDAÇÕES PUERÍCIAS - AS VIAGENS

Meu pai era assim, no meio da noite resolvia o mundo correr.

Nos acordava, e dizia para nos arrumarmos, que sairíamos ao amanhecer.

A gente corria, lavava o rosto, comia algo, e ia para o fusca sem esmorecer.

E então, ele ia dirigindo até o mecânico, para pegá-lo, pois o carro podia morrer.

Um homem gordo, grande e cheio de graxa, de poucas palavras, que ia, sem nada dizer.

Meu pai dirigia, e o mecânico ia do lado, e o mundo ganhávamos, sem nos deter.

Íamos para o sertão, outras cidades próximas que nem podia imaginar conhecer.

Parávamos, fazíamos amizade, o povo sempre era hospitaleiro, com prazer.

Meu pai era bom de papo, e sempre conquistava, ligeiro, era de surpreender.

E mesmo com pouco dinheiro, nos divertíamos, e conhecíamos coisas, para valer.

Rodávamos todo o final de semana, e voltávamos domingo ao anoitecer.

Daquele tempo, guardo excelentes lembranças, que nunca irei esquecer.

Andava de cavalo, tomava banho de rio, e tudo o que mais eu podia fazer.

Subir em árvores, correr das cabras, e pegar poeira, até adormecer.

Comer coisas diferentes, ver os passarinhos cantar ao alvorecer.

Tantas paisagens, e gente boa, que para sempre no meu coração vão viver.

Aonde chegávamos éramos recebidos com delícias para valer.

O povo mandava a gente sentar, e adoravam ouvir o que meu pai ia dizer.

Ele contava piadas, e ria com muita alegria e encantava com seu jeito de entreter.

E assim, cruzamos campos, sertões e cidades, sempre tendo aonde adormecer.

Noélia Alves Nobre
Enviado por Noélia Alves Nobre em 23/11/2018
Código do texto: T6509689
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