OS ANIMAIS QUE AMEI - RECORDAÇÕES PUERÍCIAS
Foram tantos, e tão diversos que creio não conseguir todos relacionar.
Mas, a primeira, com certeza, foi a princesa, que me fez iniciar.
A conheci no interior, no tanque de uma casa, e foi fácil me apaixonar.
Era pequena e cinza, uma vira-lata simpática, e que soube cativar.
Não pude ficar com ela por muitos anos, porque minha mãe não quis aceitar.
Então, por quase toda a sua vida, princesa na minha avó, fez seu lar.
Porém, sempre que eu podia, eu corria para ela abraçar.
Era doce, meiga e linda, e eu queria muito com ela poder ficar.
Depois tive outros que pela minha vida passaram, sem muito tempo ficar.
Minha mãe, não era muito fã de bichos, e as pessoas tinham outra forma de pensar.
Animal naquele tempo, não fazia parte da família, e nem por ele iria batalhar.
Aprendemos muita coisa errada, e hoje dói dentro do meu peito, os que não pude criar.
Tive até três carneiros: branco, preto e malhado, ganhei no sertão, foi espetacular.
Levei o trio para casa, querendo lá poder lhes dar um merecido lar.
Logo que chegaram, no quintal lá em baixo, eu tive que colocar.
E de noite, quando eu dormia, um barulho na porta me fez acordar.
Com medo fiquei imaginando ser um gigante, que no meu quarto quisesse entrar.
Fui ao quarto dos meus pais, que pelo banheiro dava para passar.
E lá chegando os acordei, e falei do barulho que da minha porta, dava para escutar.
Meu pai virou para o outro lado, e minha mãe foi quem levantou para olhar.
Arrodeou pela porta dela, e a surpresa nos fez gargalhar.
Eram os três carneiros que do quintal conseguiram escapar.
E na minha porta batiam, para com eles eu brincar.
Foi uma noite de risos, e muita alegria no meu lar.
Do mesmo modo, não pude com eles ficar, e no sítio foram morar.
Entretanto, o empregado mau do meu avô, a vida deles fez finalizar.
Chorei muito, mas as pessoas naquele tempo, não entendiam o meu penar.
E mais uma vez, fiquei triste por não conseguir dos meus animais cuidar.
Tive igualmente muitos soinhos, que eu adorava no sítio pegar.
Mas, quando eles chegavam lá em casa, acabavam por escapar.
E iam para as bananeiras do quintal, e lá ficavam a morar.
Possui também uma gata, a qual chamei de Mimi, que era mansa de tocar.
Mimi era linda, colorida e muito meiga, e com ela eu vivia a conversar.
Quando nos mudamos, ela eu ia levar, mas pulou do carro, e não quis comigo ficar.
Nunca mais eu a vi, porém, jamais esqueci o seu jeito tão lindo e singular.
Trágico fim teve a Lili, que do primeiro andar pulou e não deu para salvar.
Criei também muitos préas, a que mais amei foi a teca, linda de arrasar.
Infelizmente, da volta de uma viagem, disseram que ela havia sumido, sem hesitar.
Foram tantos, e tantos amei que nem conseguiria a todos elencar.
Mas, uma com certeza, até hoje dói forte no meu peito, e me faz chorar.
Minha pequena Shmoo, um pequinês de olhos de esbugalhar.
O pelo avermelhado, zangada, mas minha amiga se fez proclamar.
Eu a amava mais do que tudo, tínhamos um vínculo de invejar.
Uma cachorra cheia de manias, e que só faltava falar.
Quando eu estava longe, de casa, em um distante lugar.
Lembro, que liguei, e ela ao ouvir minha voz ficou a latir e saltitar.
Foi uma grande protetora, pois perto de mim, ninguém podia chegar.
Minha cadela preciosa, minha ignorância, me fez te deixar.
E depois de quase trinta anos, eu ainda sofro por não ter podido com ela ficar.
Sinto uma culpa imensa, e não sei como posso um dia, essa dor recompensar.
Eu fiz os vários partos dela, e alguns de seus filhos eu pude criar.
Contudo, na minha ingênua criancice, me deixei por outros me influenciar.
Hoje, quando vejo o comportamento entre pessoas e animais por todo lugar.
Vejo que no passado, foi tudo muito diferente, animais não eram para amar.
E cada um que no meu passado viveu, me faz triste, e as lágrimas se fazem brotar.
Tento entender, que não tive culpa, pois foi uma educação diferente, podem acreditar.
Mas, meus preciosos amigos e companheiros do passado, nunca vou deixar de amar.
Os olhos da Shmoo, sempre vão me trazer lembranças para me fazer chorar.
No entanto, com a nova visão que hoje tenho do mundo, posso outros compensar.
E assim, meus cinco novos amiguinhos, sempre terão um bom lar.