INFÂNCIA NO INTERIOR - RECORDAÇÕES PUERÍCIAS

Quando meus pais resolviam viajar lá para o sertão, no interior.

Eu ficava muito feliz, pois eram mil aventuras e muito calor.

Tinha banho na vazante, com peixinhos que atacavam, vermelho, a cor.

E a viagem era uma aventura, quando por poças de água, não dava para transpor.

Todo mundo descia, e ia empurrar o fusca, de baixo daquele ardor.

E nunca faltava a lata com paçoca de carne de sol e banana para a fome do terror.

Era longa a viagem, mas com conversa, risada, cantoria e rimador.

Tudo era tão maravilhoso, que nem o suor descendo, era desanimador.

Naquela pequena cidade, com apenas uma praça, tinha também trovador.

Aqueles que fazem rima, na frente do bar, e cheios de muito humor.

Tinha engenho de cana, aonde faziam rapadura, e eu olhava como espectador.

E o alfenim, a gente puxava e o branco ia escurecendo até ficar duro e tentador.

A noite era fria e gostosa, e o céu estrelado, iluminado e inspirador.

Na praça somente uma televisão, para todo o povo assistir a imagem do receptor.

A casa que ficávamos, não tinha forro e nem banheiro interno, só no exterior.

Era uma vida pacata, com muita gente na rua de um povo acolhedor.

Noélia Alves Nobre
Enviado por Noélia Alves Nobre em 17/11/2018
Código do texto: T6504581
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