RECORDAÇÕES PUERÍCIAS - INFÂNCIA NO SÍTIO

Infância melhor, eu não poderia nem sonhar em ter.

Aquele lugar imenso e belo, me fazia enlouquecer.

A casa com varanda, cor de goiaba e que sabia acolher.

Não tinha forro o telhado, o que deixava o vento correr.

As rãs pequenas no banheiro, eram geladas e me faziam tremer.

Eram verdes, e pulavam na gente, e eu só queria dali desaparecer.

Tinha também dois grandes galpões para jogar e espairecer.

Com mesas de sinuca, tênis de mesa, e diversão para valer.

A piscina, que eu brincava de mulher do fundo do mar, que eu queria ser.

Nadava feito um golfinho, mergulhava, pulava, e só saía de lá ao anoitecer.

Um grande poço, em que morava uma bruxa que pegava crianças no entardecer.

O caldo de cana feito na hora, direto no copo, não tinha como não beber.

As mangas rosas, que ornavam as grandes árvores que davam sombra, para valer.

Sentar com uma grande tigela, e no grosso tronco encostar com prazer.

Se esbaldar naquela doçura, e se sujar, comendo-a até se satisfazer.

E ainda tinham as manguitas, que eram doces, como nem sei o que.

As árvores frutíferas, de seriguela, goiaba, caju e outras para comer.

As construções em ruínas, no final do sítio, que eu criava histórias de estremecer.

A lagoa cheia de vitórias-régias, em que eu insistia em me intrometer.

Lugar maravilhoso, para qualquer criança poder se divertir e correr.

Para quem morava na capital, ir para o sítio proporcionava um satisfazer.

O céu estrelado da noite, e as muitas histórias de terror no entardecer.

A pimenta comida por engano, com um primo, nos fez enlouquecer.

Pois ardia, mais que tudo. Foi um aprendizado, para tudo, a gente não comer.

A única tristeza de ir para um lugar que te dá tanto prazer.

É a hora de voltar para casa, e de tanta beleza se desprender.

Olhar mais uma vez para fora, e lembrar o que não deu para fazer.

E criar mil planos, para no próximo feriado, não esquecer.