RECORDAÇÕES PUERÍCIAS - INFÂNCIA COM AS TIAS E TIOS PATERNOS
Eram muitos, moravam ao lado, e cada um tinha o seu jeito de proceder.
Eram todos tão singulares, que eu amava, o comportamento de cada um ver.
A mais velha, com certeza, adorava chocolates e balas, e era fácil de enraivecer.
Baixinha e muito zangada, não se podia, nem se deveria, com ela mexer.
Mas, quando chegava do trabalho, ela me chamava para bombons me fornecer.
E então, as mil histórias que eu criava, eu tinha o prazer de para ela descrever.
Ela escutava cada detalhe, e sua admiração, me faziam envaidecer.
Ela sorria, e se alegrava, e novelas ela me ensinou a entender.
Tinha uma outra, que se tornou uma ótima médica, podes crer.
Simpática, e de poucas palavras, me fazia, sua simplicidade absorver.
Inteligente, viajada e culta, com ela eu também prezava aprender.
Pois eram tantas novidades, que ela tinha para me dizer.
Sem falar na sua imensa bondade, que o mundo apreciava ver.
Amava o que fazia, e a todos tratava com o seu conhecer.
Mulher de muitos princípios, e com um coração de enaltecer.
Foi uma excelente médica, e não deixou nada a apetecer.
A preferida, gostava de me escutar, sem nunca me contradizer.
Tinha o sorriso tão doce, que parecia um anjo a resplandecer.
Me incentivou a contar histórias, e para mim, se propôs a transcrever.
Pois no início da minha alfabetização, ainda não sabia no papel escrever.
Com ela, aprendi a minha primeira canção estrangeira, a compreender.
“My Bonny Is Over the Ocean”, me fez outra língua depreender.
Ela era poliglota, o francês, o seu grande querer.
Os seus olhos sempre brilhavam, e tudo fazia esclarecer.
Uma me ensinou a arte de produzir um bolo, como eu sonhava em fazer.
Apesar de ser um tanto ranzinza, sua paciência eu tive por merecer.
Chegamos a viajar juntas, e eu quase a fiz enlouquecer.
Pois eu tinha muitas ideias, que faziam qualquer um estremecer.
Teve a que com números trabalhava, e fácil, aprendi contas resolver.
Muitas de cabeça, que até hoje, consigo até me surpreender.
Ela sempre teve um sorriso sincero, e a fala mansa a despender.
Sempre tão tímida, pouco ouvíamos a sua voz a se estender.
Teve uma quase da minha idade, a qual não tínhamos tanto a conviver.
Mas, dos discos de historinhas dela, eu adorava as músicas aprender.
Tínhamos alguns amigos em comum, e brincadeiras na rua ao anoitecer.
Crescemos juntas, mas nunca fomos tão unidas, como deveria ser.
O fato das minhas tias morarem ao lado, me fizeram com elas muito conviver.
E me ensinaram tantas coisas diferentes, que nunca hei de esquecer.
Pois é na nossa infância, que mais conhecimentos, conseguimos reter.
Tinha um tio que era muito engraçado, desde o seu andar arrastado a ranger.
Ao fato de tudo guardar, para reaproveitar. Ele era divertido, e sabia entreter.
Sua voz a gente não compreendia bem, mas quando zangado, se fazia entender.
Ele nunca chamava ninguém pelo nome correto, só para contradizer.
E por fim, tinha um tio distante, que pouco eu via, o qual adorava escrever.
Entrou até para a academia de letras, no seu estado, pois era bom em discorrer.
Ele me lembrava muito o Papai Noel, com bochechas rosadas a intumescer.
Era simpático, risonho e falante, e eu gostava de com ele debater.