DE VOLTA AO PASSADO
Encontrei a porta aberta, e trocando passos
adentrei em seu interior
A casinha ainda é a mesma, a mesma varanda
O mesmo telhado, no qual ainda faltando uma de suas telhas
O mato seco no quintal, a velha cadeira de balanço
O cheirinho bom de café fresquinho
O canto do galo fora de hora, o pai chegando
A mãe cantando enquanto ela ponhava a roupa para quarar
A estrada empoeirada, o sol ardente, e o aguardente a mesa do jantar
Vez ou outra a galinhada atravessava a sala, e a mãe de lá gritava
Bota esses bichos para fora, e a gente obedecia
Coitada, ela não tinha instrução, mal sabia se expressar
Mas quando tomava a palavra, todos queriam, a ela escutar
Em uma noite, eu ainda bem pequenino, em seu colo quase adormecido, dela eu ouvi
Filho, eu e seu papai não vamos ficar para sempre ao seu lado
Mas vamos lutar duro para te ver formado, e um dia voltar estudado, com seu diploma nas mãos
Tão logo fui deles separados, sai do meu pequeno chão de barro
Fui morar na cidade, de grandes arranha-céus
Pelos livros fui consumido, meu tempo foi diminuindo, nem cartas eu mais escrevi
Pensei alto: vou me entregar de corpo alma
Voltar letrado, dar orgulho a minha rainha, e o meu rei do sertão.
Agora estou aqui, contando essa história, sentado no meu chão de barro olhando o quebrado do telhado, o mato queimado, ouvindo o galo a cantar
O galo a cantar, como pode ele ainda estar cantando, o galo morreu
Ou como eu se perdeu, e não soube a hora de voltar.
Voltei como foi prometido, mas me esqueci que o tempo é corrido, e não sabe parar
Ele leva as lembranças do passado, faz sentir saudades, só nos faz recordar.
Estou aqui, de olhos fechado, olhando para o passado, e o que ele me deixou
Deixou minha casinha, meu pai, o galo cantador
Me deu o futuro, um diploma bonito, me deu tudo aquilo que minha deusa sonhou
Me deu muito mais que eu queria, me deu nova vida, me trouxe as conquistas, mas tem coisas que de mim, ele tirou
Me tirou minha mãe meu pai, meu galo cantador, me deu muito dinheiro, mas com ele eu não tenho, e nem compro o amor.
Igor Rodrigues Santos
Encontrei a porta aberta, e trocando passos
adentrei em seu interior
A casinha ainda é a mesma, a mesma varanda
O mesmo telhado, no qual ainda faltando uma de suas telhas
O mato seco no quintal, a velha cadeira de balanço
O cheirinho bom de café fresquinho
O canto do galo fora de hora, o pai chegando
A mãe cantando enquanto ela ponhava a roupa para quarar
A estrada empoeirada, o sol ardente, e o aguardente a mesa do jantar
Vez ou outra a galinhada atravessava a sala, e a mãe de lá gritava
Bota esses bichos para fora, e a gente obedecia
Coitada, ela não tinha instrução, mal sabia se expressar
Mas quando tomava a palavra, todos queriam, a ela escutar
Em uma noite, eu ainda bem pequenino, em seu colo quase adormecido, dela eu ouvi
Filho, eu e seu papai não vamos ficar para sempre ao seu lado
Mas vamos lutar duro para te ver formado, e um dia voltar estudado, com seu diploma nas mãos
Tão logo fui deles separados, sai do meu pequeno chão de barro
Fui morar na cidade, de grandes arranha-céus
Pelos livros fui consumido, meu tempo foi diminuindo, nem cartas eu mais escrevi
Pensei alto: vou me entregar de corpo alma
Voltar letrado, dar orgulho a minha rainha, e o meu rei do sertão.
Agora estou aqui, contando essa história, sentado no meu chão de barro olhando o quebrado do telhado, o mato queimado, ouvindo o galo a cantar
O galo a cantar, como pode ele ainda estar cantando, o galo morreu
Ou como eu se perdeu, e não soube a hora de voltar.
Voltei como foi prometido, mas me esqueci que o tempo é corrido, e não sabe parar
Ele leva as lembranças do passado, faz sentir saudades, só nos faz recordar.
Estou aqui, de olhos fechado, olhando para o passado, e o que ele me deixou
Deixou minha casinha, meu pai, o galo cantador
Me deu o futuro, um diploma bonito, me deu tudo aquilo que minha deusa sonhou
Me deu muito mais que eu queria, me deu nova vida, me trouxe as conquistas, mas tem coisas que de mim, ele tirou
Me tirou minha mãe meu pai, meu galo cantador, me deu muito dinheiro, mas com ele eu não tenho, e nem compro o amor.
Igor Rodrigues Santos