Aquele número era meu,
Meu sim,
Só meu.
Era uma casa velha
Mas era meu lar
Aquele cheiro de chão batido
Dando impressão expressa de pobreza.
O estômago vazio era só reclamação
Os olhos mareavam na ilusão de uma barriga cheia.
Tantos discursos vazios dos velhos políticos
Falácia de esperança e vazia ação
Tão vazia quanto ao estômago
Que implorava um pedaço de pão

De algum vizinho de bom coração.
Mas aquele número era meu,
Meu sim,
Só meu.
Da casa que eu morei
Número 745,
O colo de mamãe.
Aquele número era meu?
Quanta dúvida me sobra agora,
Pois o que hoje me resta
São apenas fragmentos distorcido
De uma rememoração tão distante
Porém a dor da fome que passei não me faz esquecer
O número 745.

JOEL MARINHO
Imagens disponíveis e.: http://jornalheiros.blogspot.com/2017/04/programacao-da-loteca-concurso-745.html