Doce Camila, como é bom lembrar de você!
A rotina era sempre a mesma:
Despertar; se banhar, tomar café da manhã
Pegar o ônibus e ir estudar
Gostava de me sentar na última fileira
Do velho ônibus escolar
Para tirar um último cochilo
Antes de chegar no colégio
Até que um dia, ao virar-me para esquerda
Deslumbrei me ao vê-la
Por ser muito silenciosa, raramente ouvia sua voz
Mas daquele rosto, jamais me esquecereis
Aqueles traços mistos
Com seu nariz delicado e boca carnuda
Seu cabelo castanho (parecia até um avelã, misturado com leite)
De tão divino
Cobria todo resto do seu rosto (como num aviso: Não me incomode!)
Depois daquele dia
Comecei a me atentar
Com sua chegada no ônibus
Até que um dia tomado pela ousadia
Retratei-a num papel de caderno
Com um lápis especial e entreguei-a
Foi a única vez que ouvi, sua voz que disse:
Mais que lindo, muito obrigada!