RECORDAÇÕES DIVERSAS EM MOMENTOS POÉTICOS (2006)

LÍRICA AMIGA

Se todos que vivem juntos

Se amassem,

A terra brilharia mais que o sol!

Para isso, se há algo a esperar:

Aceite o outro como é!

Pois não há ninguém que não erre:

Veja que Deus – é único que não falha

No entanto, encarou nossa malha.

Fez-se carente e limitação por nós

A fim de, em Cristo,

Se revelar na contingência humana.

Se a Deus queres ver,

contempla em todo ser

E no próprio coração o encontrarás.

O amor opera em ti e no outro!

Quanto esforço inútil?

Viver por viver?

Não descobrir que somos únicos,

Que a Terra é o que fomos nós.

Perdoa sempre a ti e aos outros...

Essa é a chave da tua vida e amizade.

A flor não fala

E deixa seu perfume,

Naqueles que a tocam

Onde fores lembra-te

Da pessoa amada.

Peça a Deus Nosso Senhor

Que abençõe teu labor

Que firme teu amor

Que dirija teu ardor

Pois Ele ouve as criaturas

Que o bem procuram

Com coragem e branduras.

O GENTIO E A ORAÇÃO

Certa vez um grego rezou!

Em Fedro 279 b,

Platão nos recorda essa sublime alma:

“Ao céu implorou um pagão,

do seu peito fluiu uma oração:

‘Senhor, concede-me

chegar a ser belo interiormente,

e o que venha ter

e acumular exteriormente,

esteja em harmonia

com o meu interior.

Ainda consintas

que rico seja o sábio

e, quanto à riqueza material,

tenha em tal quantidade,

que seja ideal

para a posse

e prática do bem,

Como um homem sóbrio.’

Como Deus

não ouviria

essa prece?”

GRATIDÃO À MÁRCIA

Este soneto dedico à Márcia,

Venho gentilmente enaltecer.

Este livro de poesia e memória,

Venho, alegremente, agradecer.

No primeiro instante de vida,

Destes Momentos Poéticos,

Sinta, então, você engrandecida,

Primando-se em modelos éticos.

Para quem promove o outro,

Nisso, sua alma eternizará!

Sua vida brilhará qual ouro...

E ao futuro seu nome legará.

E a cultura será seu ancoradouro.

E o bem a todos chegará.

O LIVRO

Na biblioteca procuro um livro!

Quando o acho, fico contente.

O que descubro é exílio e lírio:

A pesquisa é novo expoente.

Ler parece um martírio, sem fim,

Quando do livro não se tem gosto.

Mas se a leitura cativa a mim:

O prazer está além do imposto.

Se a vida não se reduz ao alvoroço,

Urge criticar o conteúdo proposto

Decorar fórmulas é só um esboço.

Mire a alma ao infinito, ao conhecimento,

Ao analisar as entrelinhas do não-dito.

Ao fim da pesquisa, sinto contentamento.

ANTROPÉIA

A vida flui no remoto passado,

Mesmo havendo labirinto sutil,

Fascínio em desígnio descoberto,

Oculta e Impregna mistérios mil.

O antropóide passou a pensar:

O primata ludificou o fogo e o jogo.

Nele, liberdade flui como néctar.

A angústia da morte revela-se logo!

A Renascença veio do humanismo.

A dicotomia entre filosofia e emoção.

descortinam desafio ao etnocentrismo.

A síntese da inteligência é o coração.

Urge vencer a indiferença e o racismo.

A antropéia desafina; tolerar é sugestão.

MINHA VOVÓ ROLA

Saudades de teus olhos azuis,

Maria Luiza de Jesus,

Ainda sinto a alegria da viver

Uma fé inabalável no bem,

coração capaz de acolher

Foste viúva, mas não solidão!

O povo de Arcângelo a ti recorria

Dia e noite, teu rosto aos netos sorria.

O exemplo, que unia, vinha da oração.

Virgem de Fátima era tua devoção!

Missas, não perdias: sentias Cristo!

No irmão, acolhias com retidão.

De quem não caducou desde então.

Com seus 90 anos, conseguias

Sustentar a luta na esperança,

Tua atitude alumiava nossos dias.

Serena, contagiava tua crença.

Ouvias com amabilidade,

teu coração e tua devoção.

E entendias com facilidade

a grande família com emoção.

Nossa alegria era ver-te chegar

Vinhas, contente, a todos abençoar

O céu nos granjeou nossa vovó

Ditosa e virtuosa, esperto olhar.

Papai caçula, com carinho, te olhava,

Com toda dedicação, acompanhava-te.

Passaram-s anos, ele não se distanciava;

Triste ficou quando o deixaste...

VOVÓ LÉA DELVECCHIO TRINDADE

Com Lucas bebê ao colo sorrias,

Uma foto selara aquele momento.

O menino agora contigo dormias:

Olhavas feliz após o sofrimento,

Invocavas o Padre. Francisco Gonçalves,

Ao terço terno, em mui doses, cingias,

Milagre de Ave-Marias entre reveses.

A Nosso Senhor, em preces suaves pedias.

O céu coloriu de novo a nossa história!

O Lucas renascido a ti sempre amou.

Deus presenteou-o com a vovó querida.

Paraíso, cheio de bênçãos, das dores o livrou,

Contempla, ó Lea, a Trindade e a Virgem Maria,

Lucas, não esqueça de tua vovó amada em vida.

MINHA MÃE

Linda por dentro e por fora.

Digna dos filhos e do lar,

É a pérola da família e história,

De fato, tem perfil de educadora!

Mulher virtuosa e mão bondosa.

Soube desde agora e outrora

Viver com os seus como generosa,

Formando gente de honra

Aceita nossa gratidão e amor

Diante deste materno olhar, azul

À Virgem eleva nosso clamor

Brilha nossa estrela no sul.

Daquela cuja vida

Tem sido alegria

Ainda dor incida

Nessa harmonia

Evoquemos os exemplos

Da mãe carinhosa,

Que os céus amplos

Digam-nos: radiosa.

De sabedoria e amor

Com os frutos da fé

Na luta contra rancor

Tendo a casa como sé.

LEMBRANÇA PATERNA

Assim era o tempo de papai:

À porta da casa, assentado ficava,

As pessoas que com ele conversava,

Depois de um dia no consultório dentário.

Onde nasceu morreu!

Foi criado nas terras de Cajuru,

Nome antigo de São Miguel Arcângelo.

Seus pais viviam no Ribeirão Chaves

Entre Madre de Deus e Arcângelo.

Um dia, dos pais, pequeno, se despediu.

Foi estudar e fazer a vida longe,

em direção à cidade sumiu.

Tudo na casa de campo

Lembra meu pai na horta a plantar,

debaixo da árvore a ler

e aos campos a percorrer.

Sua vida ele contou:

Fez seminário, contabilidade,

Odontologia e advocacia.

E vejo como hoje,

Chegava bem à noite,

No Banco da Lavoura

Trabalhava mais tarde

Ah! Que saudade

De meu pai querido

Presente que Deus

Me deu em vida.

CANTO À ÁRVORE

A árvore, meu filho amigo, tem alma!

E ela nos serve de abrigo e nutrição...

A semente e brotos nascem da lama:

Vencer a fome: colher frutos é solução!

Mas, pai, por que este hino vamos evocando?

O pai narra: Zaqueu à árvore vai subindo,

nas escrituras, encontra o Cristo: “Daí desça,

a salvação reina nesta casa,” Quero que cresça.

O pai e filho se contemplaram na sombra!

Viva as árvores: nossa vida e, sentindo-as,

A posteridade canta cantigas, e história lembra!

Não são antíteses: os sicômoros e gentes:

Os filhos brincam, estudam debaixo delas!

E futuro e floresta amanhecem contentes.

INFÂNCIA

Chego a casa, vejo meus pais

Como são amigos;

Imperfeitamente amigos:

Eles me amam como sou

Eu lhes quero bem.

Talvez o triste de muitos

É não ter um lar para onde ir

Ou fugir do lar que se tem.

Ou acreditar amargamente:

- A família é apenas uma instituição

Burocrática, contraditória, tradicional

Outros até já decretaram seu ocaso.

Esqueceram-se de suas origens?

Seus lares fracassaram?

É necessário ser moderno

Para negar o valor de um lar?

Meu lar é ainda bom

Com todas as suas chatices:

Lar é infância!

É café quentinho, volatizando sonhos

É papai ainda no gabinete a tirar dentes.

É mamãe fazendo doces e quitandas.

Ora papai pegando no pé para estudar.

Ora mamãe costurando nossas roupas.

Agora, anos se passaram...

A foto está na parede do coração:

A recordação faz doer a alma.

E a memória instantaneamente

Rumina emoções e situações.

Agora, inevitavelmente,

Eternizados no tody com fumaça na xícara

Apropriados nos passos do filho novo que nasce

E etéreos como uma mitologia,

Cujos deuses são bem humanos...

Para quem gosta de ler esse álbum,

Ainda no mofo parece pulsar...

Uma memória ainda vivamente intrigante!

Feliz dia de sua famíla!.

ALFENAS

Cidade singela

Vê no sul de Minas,

Que na passarela,

Bela via sintas!

Não sou de Tiradentes,

Nem barroca são João,

Mas busco liberdade,

E gosto de música.

Como é bom revê-la!

Meu lar era de três irmão.

A história começou

E o dentista se formou,

E o menino no colo da mãe

O céu abençoou.

Recordações tenho:

Imagem dos padrinhos:

carinho de gente:

boas de coração.

Anseio estrada

Sinto Alfenas

Como ninho e ancora.

JOSÉ, E AGORA!

O quartel passou

O seminário se foi

Teu pai partiu...

Os amigos se debandaram

Hoje você tem mulher,

filho e obrigação,

Veja que tudo mudou!

Nem o soldo, nem a pastoral,

Nem a protelação

Podem resolver

O que você precisa fazer!

Resta agora

sua ação

Seu trabalho

Sua família

Sua educação

Para legar

o desafio e o prazer de viver

Ao Filho

Se você vencer

Se você lutar

Se você pensar

Que há Deus

Pai para ajudar

A vida fica diferente:

Os desafios são prementes,

As pessoas não nasceram prontas

Estão por serem gestadas!

Somos eternos

Aprendizes de nosso viver.

Siga seu coração,

Não se deixaste robotizar

Aprenda a amar si mesmo,

O céu só pode-o sustentar:

O mistério não o desabonará!

A morte não será apenas um fim...

PAULO AUGUSTO (03.07.92)

“Nostra laeticia

est primus!

Dominum laudemus,

Em est vita pulchra!”

Três mundos há:

O seio materno

O solo da história

O divino reino.

Sua vinda nos alegra

Atrai sendo pequeno

Lembre-nos Jesus menino

Lembre-nos vida afora

Que somos iguais

E também diferentes

Pois sendo novo

Somos únicos

Tão boa mãe esperou

Tão feliz o pai olhou

Todos contemplaram

O que os céus deram

Augusto é belo,

Paulo é apostolo,

Impera o bem

Em teu leito. Amém!

Salve feliz 29 de junho

Basta trocar o dia

Para 92 amanhecer

Paulo Augusto no nome

Sempre tenha renome.

LUCAS, LUZ DA NOSSA VIDA

Do nascimento até agora

Sempre o olho e me alegra

Saber que a vida vencedora

Da morte e da dor nos agrega

Como uvas em vinho na adega

Contemplei-o desde a aurora

Noites aos pés da cama vigiara

De dia, banho, passeio, carregara

e ao médico, mãe e pai o levara

Aos poucos, tu encheste de primavera

Nossas vidas, em teu rosto os traços herdara

Como crianças na ágora

Como Sócrates que sonhara:

um povo e filhos; projetara

a eternidade na efêmera

passagem – riso viera

após dias de tua vitória.

O verde de teus olhos brilhara

Ao ver o mundo, iniciara

A descoberta de tudo, a aurora

da vida aos sentidos tivera

Novo ator, a musicalidade soara

E teu rosto sempre contemplara

A alegria; e o aconchego viera

Como presente nos comovera

E sempre tua presença contagiara

Nosso coração – Lucas nascera!

CAIXINHA DE DESEJOS

Certa vez

No dia dos pais,

Minha filha,

Dei-me uma caixinha:

Um presente secreto.

Hoje eu a peguei:

Está amarelecida pelo poder

corrosivo do tempo..

Embora idoso, meus sonhos

não são idosos.

Vejo direitinho

Aquele dia

Minha filha, só a telefonia

Pode agora alcançar:

Está em outro lugar

Naquele dia da caixinha:

Não vi nada

Apenas um fundo vazio

Mas a minha filha

Disse estar cheio

Cheio de carinhos

De bem-me-queres

Guardo feliz essa lembrança

Que levarei comigo

Um dia,

Um mês,

Um ano...

Hoje, são dez anos:

Ela cresceu,

Mas é minha filha!

MOTIVO DA ROCHA

Na areia, a casa cai sem fundamento.

Na rocha, ela tem seu enraizamento.

Ronca roda ronda rumo...

Quem pode suportar Netuno?

Cristo Rocha, Francisco de Assis tocha!

Maria nossa, a Igreja possa

Ser base de um mundo unido...

Claro-escuro da graça toca!

“Tudo fizeste sem nós, ó Deus,

mas não nos salva sem nós.”

Diante da tempestade, infunde a sé

E vigor do Cristo: doce albatroz

Tudo passa, só tu ficas!

Inspire ao coração sabedoria

Do Verbo contra a tirania.

SE ESTA RUA FOSSE MINHA,

Eu pintava de azul todinha,

Com alegria no horizonte,

Com sorridente semblante,

Só para meu bem entrar.

Nesta rua mora gente,

que vive contente

um convívio de paz,

porque é feliz e capaz.

TIRADAS

Sem

Mais

Reais,

Nosso

Povo

Sofre

Anos;

Com

Lula

Quer:

Fome

Zero,

Brasil

Melhor!

CRIAR NA DOR

Sol torto nos galhos do sertão seco,

Chuva que não chove, reclama a alma,

Como triste pesadelo infinito e oco,

Ái, coração! Empedernido como drama...

Dias de sede: miragem de pó em desertos!

Assim, a mente cheia de sonhos morrendo...

Meu povo sofrendo, teimoso e resistindo

como insetos em cerrado, cupim e cactos

Carne: terra a dentro – ardendo,

Água: sedento povo merecendo.

Será que além, outros vivem essa dor?

E tem vigor para amar sofrido labor?

Sinta o quão é tensa a miséria...

Não queira isso para tua Tutaméia.

Campos floridos e gente feliz,

Estou lá como o peixe em mar

O suor escorre e a visão alude

Um mundo novo é o paraíso.

O nosso sertão:mundo afora! -

OS IMIGRANTES

Sol Mediterrâneo da terra de Garibaldi e Danti,

Pisam as montanhas alterosas das Vertentes

Com sonhos e desafios mil - inconteste,

"Depois, corações são aclimatados noutras vargens ..."

Dia a dia: miragem do porvir

Assim a mente cheia de saudades da Itália vertendo

Um povo diferente teimoso e cantante:

migrantes, nos prados, nova linhagem gerando

Esperança: terra adentro - desejante,

Um nicho de uma nova identidade .

Será que as novas gerações mantêm esse "modos vivendi"

E elas têm vigor para amar o labor?

Sinta você como é tensa a histórias de duas etnias,

Construindo uma nova Tutaméia!

(voz de Minas em Guimarães Rosa)

Plantações floridas e gente feliz,

A diferença acontece lá como o vinho na adega

O suor escorre e a visão projeta

Um mundo novo de utopias: desencontro, encontros...

Giarola, César de Pina, italianos se tornam brasileiros! -

AO MEU AMOR

No mundo nada se compara

A delícia que exala

da paixão por ti.

Que não seja só uma atração,

Pois o amor quer continuar

Além deste lugar

Os anos passarão: sempre voltarão ao começo

É o alicerce do amanhã,

Ou a recordação do passado sorrindo...

A flor, a rosa, a gata podem um dia mudar,

Mas tu és, aqui dentro, avelã, eu, teu fã...

A musa vai a minha vida inspirando...

Aqui dentro somos;

Na eternidade, seremos:

“Eternamente Jovens” (=filme).

POÉTICOS COMPASSOS

Se a mente não mente,

Corre o coração a dizer.

Que, na escrita, a letra reticente

E a leitura possa trazer

Palpitações sentidas e vividas.

Um dia me lerão,

Com saudade de mim!

Sua poesia foi um clarão ou faísca

Para os que vão aqui e além.

O limiar transita e transpira

Vida e morte.

Confesse alma gentil

Dizendo porque partiste

Deixando em todos sua porção?

Ao dizer o que sinto,

Traduzo o que outros vivem...

Sou de todos e de ninguém,

Pois a poesia é comparsa,

Compasso do tempo.

O NADA

Não sou nada

Deus tudo fez do nada

Tudo volta um dia ao nada

Ávida passa num segundo.

Nada do que dizem poder ser verdade

Nada se perde, tudo se transforma,

Nada acontece em vão!

Sou um nada, então!

Nada eu sou?

Tudo é oposto ao nada?

Fiz nada para merecer a existência...

Nem pedi para nascer...

Sou como Jó quando a dor vence, vem...

A noite , o universo estrelado:

Indicam um plus acima de nossa vidinha;

Será que existe vida além daqui?

Sem ar, volto ao nada: tudo passa!

Nada fica: tu és pó...

Não foi nada

Nada consta

Não enxerga nada

Não, eu não fiz nada...

Não sei de nada...

Você é um nada...

Nada, porém, acontece em vão,

Ninguém tem razão

Isso me parece uma aberração,

Nada acontece por acaso...

Fiz nadinha...

Nata, nato, nonada, natural, nação, na mão

Contra mão da história...

E justificamos nosso erro,

Aplaudimos nossos acertos,

Escondemos nossa empáfia,

Pisamos em quem não tem nada:

Acumulamos riqueza

Que traça há de comer:

E dizemos nada saber!

HISTÓRIA DE NÓS DOIS

Muitas coisas eu vi, ó moço,

À noite, nos braços dela...

Conto ainda com os olhos

Em brilho e os lábios molhados.

Um amor não tem preço,

Nem se encontra mesmo no pregão da bolsa de valores...

O sonho se conquista e há casos, ó moça:

São histórias de ontem, de hoje e outras de amanhã:

De plebeus e patrícias...

De princesas, Gatas Borralheiras,

De Brancas de Neves, ou Chica da Silva...

Ou talvez um amor impossível de Romeu e Julieta,

Talvez de Esmeralda, Senhora, Diva...

De Damas e Vagabundos...

Destas mulheres ou Celebridades

De lindas Belas

com estranhas Feras...

Não importa a língua, a tradição, o tempo...

Ou a eternidade.

Muitos ficaram consagrados em fotos,

Outros em filmes, outros em novelas.

Ainda outros em romances e contos!

E, teus casos, amados e amantes?

São da pedra, da antiguidade clássica?

De um Abelardo e Heloísa?

Do gótico ao medieval?

De Dom Quixote?

De Eugênio e Margarida?

De Bentinho e Capitu?

De Ceci e Peri?

De Joões e Marias?

Se for ainda do flerte do romantismo,

Ou talvez lá do outro lado do mundo

Entre budistas e gregos,

Croatas e Sérvios,

Talvez aqui no terceiromundismo,

De Mineiros e gaúchos?...

Do castelo à choupana,

Tu contas uma linda ou difícil história

De um Grande Amor.

Vejas que o retrato está no álbum

Dos nossos pais o retrato, à parede!

Tão difíceis e nobres

Como Deus assim quer o teu e o nosso...

OBRÓIDE

Óvulo

Ovo

Voto

Modo

Mola

Lona

malus

Latus

Strictus

Sensu

Rogo

Golo

Lobo

Galo VIDA Bolo

Dolo

Lodo

Tolo

Lótus

Demus

Mudo

Doro

Rubro

Brotus

Natus

Tudo

Burlo

Turvo

Moro

Rotus

Novo

Rolo

Una

Uma

Onda

Dado

Amo

Domus

Olé

Ledo

Ouro

rolo

EM CRISTO TODOS UM

“Há mistérios

Que estão acima

De nossa vã sabedoria...”

Desde a criação

Politeístas

Monoteístas

Deus da evolução

Povos inteiros

Oriente e ocidente

Cantem a Deus

Povo de Israel - Abraão - Levi

Jacó (Israel)

Isaac e os profetas

José do Egito

Judá – Moisés - Josué

Juízes

David - Salomão

José, Descendente de Davi.

Dimas – João – eu – você – Jesus: centro da história – Tiago – Judas Tadeu

Filipe – André – Pedro todos meus amigos– Paulo – Bartolomeu

Maria – mãe de Jesus

Maria negra e de todas

As raças e lugares

Madalena- Santas mulheres

Todas as mulheres - Diaconisas

Mateus- Lucas -Marcos

Mártires de Belém , Roma, do mundo

Mártires de todas as guerras – dos campos nazistas

Santas virgens

Doutores e doutoras da Igreja

Gente da igreja e fora dela

Patrística - Papas santos e pecadores

Bispos – Sacerdotes – diáconos

Povo de Deus: porção do Reino de Deus

São Francisco de Assis e Santa Clara

São João da Cruz

Dom Bosco e as pastorais dos menores

Todas as religiões,

Todas as igrejas...

De boa vontade...

Teístas - Ateístas

Crísticos - acrísticos

gnósticos - agnósticos

Todos os homens e mulheres

Todas as mulheres e homens...

Todos os nossos filhos e filhas.

ALÉM DA DOR

Nossa vida tem mais trunfos.

Permita, senhor, que no labor.

Cresça a união e a paz juntos;

Tenhamos alegria e frescor!

Você: quero cada vez mais,

Como presente, muito mais.

Ritmo e sorriso, dor e siso:

A vida afora, está na hora...

Entre beijos e ternuras,

Nosso romance vivamos!

O futuro, nada temamos...

O tempo amadureça

Nosso inquieto coração,

Que tem sonho e razão!

AO FREI ORLANDO

Morada Nova tem mineiro franciscano!

A todos sorriam devido às suas piadas.

E o capelão ama pobre e o pequeno

Seu rosto rima com muitas risadas

Mostrou que o calor da amizade

Vale muito e enaltece o coração.

Viveu o evangelho na sinceridade:

A todos dava a palavra de irmão.

Aos soldados, na solidão, sua presença

agia solícito qual anjo da guarda.

Era riso a preencher do lar a ausência

Sua farda mortalha sagrada

Sua ternura sublime lembrança

De uma vida hóstia consagrada.

PAI-NOSSO

(Antônio Viera parafraseando Mateus 6, 9)

Padre Nosso: eu digo, para viver a fraternidade.

No céu estás, que habites na terra em paz.

Teu nome santo encha o mundo e a vida dos cristãos.

O teu reino venha se houver justiça aqui,

Faça-se tua vontade: como Maria, Jesus e os santos...

Partilharam a esperança e o pão de cada dia.

Mas o maior desafio é perdoar como ele nos perdoou!

Se assim não fizermos, o Pai não fará!

Para termos forças na tentação do poder, do prazer e da riqueza,

Que a corrupção não se instale em nosso coração:

Mas é Deus que nos dá o Espírito de Jesus

Para vencer o maligno e o mal

Já que temos a inclinação desde o pecado original.

À MULHER

Neste dia de sua data,

Ó mulher, quero lembrar:

Cada uma que nasceu neste solo

Cada mulher pobre

Cada mulher negra

Cada mulher branca

Cada mulher de todas:

As raças, as religiões, de todos os tempos

De todas as cores e humores...

Sei que todas, uma a uma...

É presente para Divinópolis

É maneira e força

Criatividade e coragem

Dor e alegria

Sentiram aqui

Em suas vidas.

Em suas idas e vindas

Teceram gestos e exemplos

Tomara, que Deus queira

Que nossa vida seja inteira

Que cada dia e cada mulher

Gere presente para vida melhor

DEUS E A POESIA

Depois de todos os seres,

A poesia é a mais versátil

Depois de mim e você,

Ela é a mais fecunda.

Ao homem, deleite e apluma;

Alenta a alma em bruma;

Conforta o coração na paixão

Atiça o corpo em sedução...

Transforma a ruína em sina

A letra se torna malha fina

Resgata sem medo o meio sagrado

Assume sem receio o veio do profano

É caixa de Pandora, surpresa

Afrodite esbanjando beleza...

E Prometeu o fogo em leveza...

Depois de todos os males,

Vem a dócil poesia

Consola com o vinho e trigo

Farta com mel e cinge a terapia...

Ela é manjar de cada dia

Ele constitui frescor e ardor

Suplemento e fresta de porões mil

Irriga a carne e o espírito entre poros sutis

Quando a dor amortece, ela surge com trepidação,

Quando emoção reclamar sua parte, é sede e ilusão,

Quando evade o além, ela insiste ser ainda real...

Quando enfoca o social, revela sublimação de energia,

Quando na solidão nos mergulha, é mão de ternura,

Quando denuncia, a alma se inquieta em utopia

Por isso, em todos os tempos e pessoas,

Homens do mundo e do monastério,

O ébrio e sóbrio

A poesia é compatibiza a treva com a aura da alma inquieta

Por isso, não importa se é clássica, se gótica, ou moderna,

Se é vanguarda, ou tradicional,

Se é surrealista ou meditativa.

Ela será sempre

Ária de quem canta sete vezes

De quem canta a vida e a sorte

De quem questiona o destino e morte

Depois de Deus, vem a poesia:

É esterco que fecunda as almas

É ônix que revela as trevas

É cristal que alumia minas!

É Fênix que renasce das cinzas...

À CIDADE DE DIVINÓPOLIS

Que cidade tem aurora mais linda?

Que povo comemora 97 de lida?

Que hino suave canta este rincão?

Que mensagem encera teu refrão?

És tu, ó Divinópolis, terra amada!

És 93 anos de Jóia lapidada!

Mas temos 234 anos de caminhada.

Teu Brasão é alma encantada

Negros, bandeirantes, mineiros

Filhos de agora e Candidés Índios,

Todos, homenagens mil renderam

em trabalho, indústrias e prédios;

Ó céus!, por esta terra, morreram!

OS VERSOS FALAM

Nos versos de arcanos passos,

O poeta finge coisas iniludíveis,

De luz e trevas como compassos

De momentos e atos volúveis...

Se a vida é tão tristonha?...

Invente-a com ousadia!

Se a dor for deveras tamanha?...

Ele a desnuda como alquimia!

Não há nada que o verso

Não queira ludificar, brindar, lidar...

A resposta está no mistério do poema!

Viver a vida ainda “vale a pena”,

A cada pessoa, diz Pessoa a vibrar,

“...Se a alma não é pequena....”

PESSOAS E CACHORROS

Aos que respeitam a Vida!

Todos têm o direito à vida e ao cuidado!

Como se parecem os homens e cães!

Gostam de carinho e alimento.

Gostam de carícia, atenção...

Divinópolis, cidade de muita gente!

Divinópolis, cidade de lindos cães!

Eles estão por aí, em todo lado...

Aparecem de repente, ali há um abandonado, atropelado...

Há mendigos nas praças e alguns cachorros sem dono.

Há gente correndo a passos largos e logo atrás um cãozinho,

abanando o rabinho pedindo um pouco de pão...

Há cão de todo jeito e gosto.

Há gente de todo lugar e rosto.

Uns dormem como podem...

Há gente vivendo como cão, sem teto, emprego e alimentação.

Há cão tratado como gente, por pessoas de bom coração.

Faz falta um canil para acolher tanto cão.

Faz falta um abrigo para alguns irmãos vindos sei lá de onde.

Talvez do sertão e de algum cantão.

Talvez são animais e mendigos sumidos e outros fugidos,

cães sem coleiras, sem carão de vacinação...

Pessoas de olheiras, sem trabalho, sem mínima estruturação...

Os divinopolitanos não sabem o que fazem com tanto cão e com seu irmão.

BIBLIOGRAFIA

ANDRADE, Carlos Drummond. Antologia poética. Record, 1999.

BANDEIRA, Manuel. Libertinagem e estrela da manhã. Nova Fronteira, 1995.

BESSA, Pedro Pires, Sebastião Bemfica Miligre, O poeta de Divinópolis. Belo Horizonte: Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, 2003, 156 p.

ESPÍNDOLA, Húdson. Cicatrizes do cotidiano. Uberaba, Editora Vitória, 1991.

FARIA, Antônio Esteves de. Pequena História de um Grande Amor. Divinópolis: Novo Rumo, 2005. 130 p.

FUNREI, VERTENTES, São João del-Rei: UFSJ, tipografia Assunção, 1989, Série 1., 89 p. (ciclo de Estudos – poema de Modesto de Paiva).

JORNAL AGORA. Ao poeta Sebastião Bemfica. Editorial. 23 de set.2004., p. 02

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J B Pereira

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