A REALEZA NOTURNA
Francisco de Paula Melo Aguiar
Coruja, ave agourenta
No telhado da Matriz
Sob o céu santaritense
Impõe medo ao vigário
Aterroriza os fiéis, mistério
O cantar reflexo, tido infeliz,
Do rico ao pobre operário.
É a cultura do povo
A rasga-mortalha, ciência
Lá de cima, canta
E cá debaixo... inteligência
Os fiéis da crença popular
Morre de medo, paciência
Dia e noite, a rezar.
Ah! Tanto agouro, pranto
Que o céu de minha terra
Cintila sobre dureza, quanto
Lamento, grito e choro
É a premissa do final,
Invenção sem sabedoria
Vem de todo canto.
Gente! É coisa do tempo
Força vibratória, animal
A rasga-mortalha é melancolia
Conhecimento da razão intuitiva
Dos sinos da Matriz
Aos bueiros do canavial
É o cortejo real, alegria.