PREFERI DESEMPREGO À INDÚSTRIA DE ARMAS

A bomba.

A mesma que rendeu-lhe proventos

Na indústria em que trabalha,

Ela mesma

Espirrou, ao explodir, as vísceras

Daqueles que poderiam dar-lhe respostas...

A bomba,

Cuja explosão encanta pelo engenho,

Desfigurou centenas de cenhos.

A bomba!

A bomba

Que rende à cidade auspiciosos impostos,

Essa mesma,

A que movimenta a Economia,

Pôs THE END às vidas inocentes,

Não foi um final feliz! Não foi nem um filme!

A bomba,

A soberana, a que adorna o arsenal,

Foi e será, talvez ou decerto, a causa do Mal.

A bomba!

NOTA: O título era "Por que não trabalhei na Avibras", indústria bélica de São José dos Campos na década de 80, que vendeu bombas ao Irã e Iraque e cresceu e morreu com essa guerra. Posso ter milhões de culpas, mas essa não, preferi o desemprego numa recessão a trabalhar nisso e acho que quem aceita trabalhar nisso não presta.

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 23/08/2018
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